Análise e Comentário:

Nesta questão, o desafio consiste em avaliar a importância do uso do acento indicativo de crase no trecho “à qual” presente no segundo período do terceiro parágrafo. No contexto apresentado, “à qual” é utilizado corretamente para indicar a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a”, que acompanha o substantivo subentendido, no trecho “a esfera especial e profissional”. A necessidade da crase ocorre exatamente em situações em que há a regência de uma palavra feminina, comprovada pela presença do artigo. Assim, ao suprimir o acento indicativo de crase, o enunciado incorre em erro gramatical, pois a ausência do acento contraria a regra que exige a combinação "a + a = à".

Exemplo prático: Considere a frase “Referi-me à aluna que participou da reunião.” Aqui, a crase em “à aluna” é imprescindível, pois o “a” preposição se funde com o artigo “a” que antecede “aluna”. Cancelar essa marcação resultaria em “a aluna”, que não cumpre a função de preservar a regência correta, passando a ideia de uma relação distinta da necessária entre os elementos. Assim como no exemplo, no contexto da questão, a retirada do acento geraria um lapso que prejudica não só a ortografia, mas também a clareza e a correção sintática do enunciado.

Portanto, a supressão do acento indicativo de crase, no caso de “à qual”, implicaria em erro gramatical, contrariando as normas vigentes da Língua Portuguesa.

Gabarito: Letra E

A supressão do acento indicativo de crase empregado no vocábulo “à”, em “à qual” (segundo período do terceiro parágrafo), manteria a correção gramatical do texto.


    Uma curiosa característica da historiografia geral, política e social foi a relativamente pequena atenção dada à história da justiça ou, se quisermos ser mais limitados, à história do Poder Judiciário.
    Pode-se levantar uma hipótese: a justiça foi percebida como um poder alheio àquilo que se chamou comumente política a partir do século XIX, ou seja, a luta e a disputa para ocupar posições de governo, de mando em geral e de decisão em lugar dos outros.
    Uma segunda hipótese: os historiadores não se sentem à vontade com um campo muito específico, como são o direito e o dos juristas. O direito se constitui em esfera especial e profissional à qual se tem acesso apenas por meio de um curso universitário, enquanto a política permite acesso aos lugares de poder por meio de eleições e não exige, pois, nenhum preparo intelectual determinado. Qualquer um do povo pode ser político, mas nem todos podem ser juristas ou juízes profissionais.


Julgue o item que se segue, relativo ao conteúdo do texto precedente e a aspectos linguísticos a ele pertinentes.


Análise Geral:

A questão aborda o uso da crase e a regência nominal, com foco em verificar o emprego correto do acento indicativo de crase, bem como o uso da preposição “a” em diferentes contextos. Para analisar a questão, é fundamental observar a regência dos substantivos e a presença ou ausência do artigo definido que, em conjunto com a preposição “a”, pode gerar a fusão que resulta na crase.

Primeira Lacuna: “A ocupação inicial de São Lourenço da Mata esteve atrelada ____ extração do pau-brasil.”

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Como “extração” está acompanhado de artigo feminino (“a extração”) e a regência do termo “atrelada” exige a preposição “a”, a fusão forma “à”.</li>
</ul>

Segunda Lacuna: “No final do século XVI, começaram ____ surgir os primeiros engenhos de cana-de-açúcar...”

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A locução verbal “começaram a surgir” exige o uso simples da preposição “a”, sem a fusão com nenhum artigo.</li>
</ul>

Terceira Lacuna: “...que se tornara ____ principal fonte de renda do local...”

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Nesta construção, “tornar-se” funciona como verbo de ligação e o complemento “principal fonte” está sem o artigo, logo, utiliza-se a preposição “a” simples.</li>
</ul>

Quarta Lacuna: “Até 1775, São Lourenço era apenas um distrito subordinado ____ município de Recife...”

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>“Município” é um substantivo masculino e, diante da preposição “a” que rege o termo “subordinado”, ocorre a fusão com o artigo definido “o”, formando “ao”.</li>
</ul>

Quinta Lacuna: “...bem como ____ cidade de Paudalho...”

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Como “cidade” é um substantivo feminino e a locução exige a preposição “a” mais o artigo “a”, a fusão correta é “à”.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

A sequência correta para preencher as lacunas, considerando os pontos abordados, é “à, a, a, ao, à”, o que corresponde à alternativa B.

É importante notar que a compreensão da função de cada elemento na frase—seja o verbo regente, o sujeito da ação ou o predicativo do sujeito—auxilia na correta aplicação do acento indicativo de crase ou do uso simples da preposição “a”. Esse entendimento é fundamental para a elaboração de textos dentro da norma-padrão exigida em concursos públicos.

Gabarito: Letra B

    A ocupação inicial de São Lourenço da Mata esteve atrelada ____ extração do pau-brasil. No final do século XVI, começaram ____ surgir os primeiros engenhos de cana-de-açúcar, que se tornara ____ principal fonte de renda do local durante muitos anos. Até 1775, São Lourenço era apenas um distrito subordinado ____ município de Recife, bem como ____ cidade de Paudalho, conquistando sua municipalidade em 1890.


Na resolução dessa questão, o ponto principal consiste em identificar quando o uso da crase é ou não exigido nos espaços indicados. Vamos analisar cada lacuna conforme a ordem:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Primeira lacuna: O trecho “____ duas últimas décadas” exige a presença de um artigo definido para acompanhar o substantivo “décadas”. Neste caso, utilizamos “as”, sem o uso da crase, pois não há a fusão de preposição com artigo. Assim, temos “as duas últimas décadas”.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Segunda lacuna: Na expressão “no que se refere, pelo menos, ____ acessibilidade”, a regência do verbo “referir-se” exige a preposição “a”. Como “acessibilidade” é um substantivo feminino e vem acompanhado de artigo definido “a” (implícito ou sugerido), ocorre a fusão da preposição “a” com o artigo “a”, formando “à”. Portanto, a lacuna deve ser preenchida por “à”.</li>
 
 <li>Terceira lacuna: No trecho “de acordo com ____ necessidades específicas de cada região”, a expressão “de acordo com” pede a utilização da preposição “com” seguida de um artigo. Neste caso, o substantivo “necessidades” é feminino e a forma adequada é “as necessidades”, sem o uso da crase, já que o “com” não se funde com o artigo “as”. Assim, preenche-se a lacuna com “as”.</li>
</ul>

Dessa forma, a sequência correta para preencher as lacunas, na ordem em que aparecem, é: “as” – “à” – “as”.

Alternativa Correta:
A alternativa D apresenta a solução adequada, pois respeita as regras de utilização da crase e o emprego correto dos artigos definidos nos contextos apresentados.

Gabarito: Letra D

A proposta de discutir saúde, educação e qualidade de vida pressupõe o estabelecimento de contornos conceituais que favoreçam sua compreensão. Entre as inúmeras possibilidades que o tema permite, o ponto de partida será a reflexão que os direitos humanos instigam sobre a imbricação dessas áreas com o “estado de direito”. Segundo Dalmo Dallari, são três os direitos humanos fundamentais: saúde, educação e trabalho.
 O direito à saúde é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o estado de completo bem-estar físico, psíquico e social, resultante da interação com o meio ambiente, a alimentação, a habitação, a assistência médico-hospitalar e a qualidade das relações socioafetivas adquiridas ao longo de seu desenvolvimento. O direito à educação refere-se ao desenvolvimento intelectual, à obtenção e à ampliação de conhecimento para desenvolvimento psíquico e interação social, sem os quais os homens se aprisionam nas formas desiguais dadas pelas estruturas sociais. O terceiro direito fundamental é o do trabalho, em condições dignas e justas, que ofereça recompensa pelo esforço empreendido e seja objeto de realização, satisfação e prestígio pessoal e social. O cumprimento desses direitos básicos deve garantir a dignidade e o bom desenvolvimento do homem, propiciando boa qualidade de vida.
 Isso posto, cabe a reflexão de como esse “estado de direito” vem sendo cumprido nas sociedades contemporâneas, principalmente na nossa. Pode-se afirmar que esforços históricos são adotados para minimizar as desigualdades nos campos da saúde e da educação, embora a falta de acesso e de qualidade dos serviços básicos ainda seja determinante para a baixa qualidade de vida da maioria da população brasileira. Conforme aponta Fábio Comparato, o direito deve ser exigido pelo cidadão de qualquer comunidade, mas nossa tradição é a da acomodação e dos favores. Aquilo que é direito muitas vezes passa a ser entendido como favor e há inversão do valor social. As desigualdades ficam justificadas pelas diferenças – de cor, raça, gênero, credo – e o que deveria ser a base da construção cultural da estrutura social passa a cristalizar processos de pauperização e injustiça.
 Fazendo breve análise dos campos da saúde e da educação no país, é possível afirmar que __ duas últimas décadas foram de ampliação inquestionável dos serviços básicos de atendimento, no que se refere, pelo menos, __ acessibilidade. Na saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe a prevenção e a promoção descentralizada, favorecendo que estados e municípios considerem suas especificidades e elejam prioridades de acordo com __ necessidades específicas de cada região. Na educação, o acesso ao ensino fundamental foi ampliado significativamente tanto nos centros urbanos quanto nas áreas rurais. Iniciativas em relação ao ensino médio e universitário ganharam força principalmente nos últimos anos. Programas sociais como o Renda Mínima e o Bolsa Família, entre outros, foram criados priorizando essas duas áreas.
 No entanto, verificamos que essas medidas de caráter macrossocial estão longe de fazer cumprir os direitos fundamentais da dignidade e do bom desenvolvimento. Na saúde, embora haja melhoras significativas como a queda da taxa de desnutrição infantil obtida pelo sucesso das campanhas dirigidas ao aleitamento materno, ainda temos problemas elementares, entre os quais a defasagem no acompanhamento pré-natal, a efetivação da prevenção e do controle dos fatores de risco, como gravidez na adolescência, a infecção pelas doenças sexualmente transmissíveis e o combate às drogas. Na educação, o esvaziamento do sentido da escola, em razão do esgotamento da escolaridade como mobilidade social e do enfraquecimento da capacidade socializadora, promove fenômenos cada vez mais frequentes como a incompreensão e a indisciplina.
 A qualidade das relações vinculares que as pessoas efetivam nas diversas instituições às quais pertencem – a escola, a família e o trabalho – pode, em muito, elevar a sua autoestima, a definição de escolhas, a exigência e a atuação em direção à conquista dos direitos e da ob tenção da dignidade humana e do bom desenvolvimento. Não se trata da individuação dos problemas, mas de incentivar o protagonismo de ideias e ações a favor de uma cidadania ativa.

Analisando a questão, devemos observar que o emprego da crase ocorre quando há a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a” que acompanha um substantivo feminino. No trecho “próxima a 2%”, o “a” que introduz a expressão “2%” é preposição exigida pela regência do adjetivo “próxima”. Entretanto, essa preposição não se encontra diante de um termo feminino que admita o artigo “a”. O numeral “2%” funciona como quantificador e não é acompanhado de artigo, de modo que não há fato de crase. Assim, a forma correta é “próxima a 2%”, sem o uso do acento grave.

É importante destacar que a crase não deve ser empregada antes de numerais, a menos que estejam explicitamente acompanhados de um substantivo feminino, o que não ocorre nesse contexto. Por exemplo, na frase “composição à base de 2 ingredientes”, apesar do “ingrdiente” ser feminino, a crase se dá pela presença do artigo “a” que acompanha o substantivo “base”, e não pelo numeral “2”. No caso exposto, em “próxima a 2%”, não há essa situação. O emprego facultativo do acento indicativo de crase é uma hipótese que não se aplica aqui, pois a regra normatizada dispensa o uso do acento antes de numerais sem o artigo.

Ademais, utiliza-se o acento indicativo da crase apenas quando a preposição “a” se funde com o artigo “a” ou com pronomes que admitam esse fenômeno (como “àquela”). Portanto, como a expressão “2%” não admite artigo feminino, o uso da crase não é facultativo, mas sim incorreto, reforçando assim a alternativa correta apresentada na questão.

Alternativa Correta:
A alternativa “Errado” está correta, pois não há motivo para o uso do acento indicativo no “a” que antecede “2%”.

Gabarito: Letra E

É facultativo o emprego do sinal indicativo de crase no “a” que antecede a expressão “2%” (linha 35).

1      Saber se diabetes ou hipertensão eram
     frequentes na Idade da Pedra Lascada é praticamente
     impossível. Esqueletos, ruínas e artefatos são tudo de
4  que dispomos para entender como era a vida de nossos
     ancestrais.
        Algumas vezes encontramos ossos quebrados e
7   marcas de pancadas nos crânios, o que permite avaliar
     o nível de violência ou os acidentes do dia a dia. Mas
     talvez nunca venhamos a saber a incidência de doenças
10 metabólicas ou a prevalência da obesidade.
        Mas, se essa ignorância incomoda os médicos,
     os dentistas têm mais sorte. A quantidade de fósseis
13 de crânios humanos é enorme. Muitos se dedicam a
     verificar o estado dos dentes de nossos antepassados,
     correlacionando seus achados com a época em que
16 viveram, seus hábitos alimentares e a idade de cada um.
        Nossos parentes distantes, os macacos,
     dificilmente apresentam cáries durante a maior parte de
19 sua vida. Elas e outras doenças dentárias só aparecem no
     final da vida e são sinal de envelhecimento.
        O que sabemos dos dentes de nossos ancestrais
22 mais antigos vem do exame de crânios de humanos
     que viveram antes do desenvolvimento da agricultura.
     Examinando mais de mil crânios dessa época, foi
25 constatada pelo menos uma cárie em só 2% dos
     indivíduos. Eram coletores e caçadores, comiam raízes,
     frutos, sementes duras e um pouco de carne.
28     O estado dental começou a piorar há 13 mil
     anos, no Neolítico, quando surgiu a agricultura. Nessa
     amostra de crânios, 9% deles possuíam uma cárie. Nessa
31 época o consumo de grãos moídos, ricos em carboidratos,
     começou a fazer parte da dieta humana. Muito depois,
     tanto no Egito (há 3,3 mil anos) quanto na Austrália, entre
34 a população aborígene (há uns 70 anos), a quantidade de
     cáries era próxima a 2%, mas esses povos não haviam
     adotado completamente a dieta rica em grãos típica das
37 civilizações que adotaram a agricultura.


Com base na estrutura linguística e no vocabulário empregados no texto, julgue o item que se segue.


Alternativa Correta:

Na situação apresentada, a frase “dar preferência a alimentos que são amigos dos dentes” não requer o uso da crase no “a” que antecede o termo “alimentos”. Isto ocorre porque o “a” aqui não exerce a função de preposição que se funde com o artigo feminino, mas sim a forma simples da preposição, já que “alimentos” é um substantivo masculino. Assim, a aplicação do acento grave indicativo de crase seria incorreta e, de fato, prejudicaria a correção gramatical do trecho, conforme apontado na questão.

A explicação reside no fato de que a crase ocorre quando há a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a(s)” que acompanha um substantivo feminino. Por exemplo: “referir-se à aluna” – aqui o substantivo “aluna” é feminino, justificando a fusão e, consequentemente, o emprego da crase. No caso em tela, “alimentos” é um substantivo do gênero masculino, não havendo artigo feminino que se combine com a preposição “a”. Logo, qualquer tentativa de fazer a fusão resultaria num erro gramatical.

Além disso, observe que o uso inadequado da crase é bastante comum e constitui armadilha em textos que exigem rigor na norma culta, como os que costumam aparecer em concursos públicos. Portanto, é fundamental que os candidatos estejam atentos às regras de emprego da crase, aplicando-as apenas quando a preposição “a” estiver seguida de um termo feminimo compatível com o artigo. Dessa forma, o erro na utilização prejudicaria a clareza e correção do enunciado.

Portanto, a alternativa correta, que aponta que “O emprego do sinal indicativo de crase prejudicaria a correção gramatical” é Certo.

Gabarito: Letra C

O emprego do sinal indicativo de crase no “a” que antecede a palavra “alimentos” (linha 22) prejudicaria a correção gramatical.

1      Uso de fio dental, escovação regular dos dentes
    e visita periódica ao dentista. Esses são alguns cuidados
    já conhecidos para a manutenção da saúde bucal. Mas
4  garantir a saúde da boca demanda ações para além da
    higienização: é preciso estar atento ao que ingerimos
    durante as refeições.
7      É por meio da alimentação que obtemos a
    maior parte dos nutrientes e minerais que constituem os
    tecidos do corpo, inclusive os dentes e a gengiva. Nesse
10 sentido, a alimentação baseada no consumo exagerado
    de açúcares e alimentos ultraprocessados, como bolachas
    recheadas, salgadinhos de amido de milho, balinhas,
13 pirulitos e chicletes, por exemplo, pode causar doenças
     bucais, como a cárie dentária.
       A cárie é uma doença crônica não transmissível
16 que ocasiona perda dos minerais do dente pela presença
    de biofilme oral não saudável. Inicialmente, forma‑se
    uma placa bacteriana sobre o dente. Sem tratamento,
19 a lesão progride e pode atingir tecidos mais profundos,
    causando dor e outras consequências mais graves.
       Sendo assim, é importante dar preferência
22 a alimentos que são amigos dos dentes. Alimentos in
    natura ou minimamente processados não apresentam os
    ingredientes de produtos ultraprocessados.
25    Os alimentos ultraprocessados são ricos em
    açúcar, gordura e(ou) sódio ou contém edulcorantes.
       É exclusiva desse tipo de alimento a presença de
28 substâncias de nenhum ou raro uso culinário (açúcar
    invertido, frutose, xarope de milho, glúten, fibra
    solúvel ou insolúvel, maltodextrina, proteína isolada de
31 soja, óleo interesterificado) e de aditivos cosméticos
    alimentares (corantes, aromatizantes, realçadores de
    sabor, emulsificantes, espessantes, adoçantes).


Com base na estrutura linguística e no vocabulário empregados no texto, julgue o item a seguir.


Questões de Português - Sintaxe - Uso da crase