 A palavra “humilde” exige a preposição “a”.

 O verbo “ficar” exige a preposição “a”, e a palavra “aquela” já começa com a vogal “a”.

 A palavra “vida” é feminina, exigindo a crase.

 O verbo “ficar” exige a preposição “para”, que se contrai com o artigo feminino.

Para abordar o uso da crase no trecho “o homem ficou atento àquela humilde vida animal”, é preciso entender o fenômeno da crase e seus requisitos. A crase ocorre quando há a contração da preposição "a" com o artigo feminino "a". Sendo assim, para verificar a presença da crase, devemos primeiro analisar a combinação da preposição com o artigo.

No caso da expressão “atento àquela”, precisamos considerar a regência do verbo “ficar”. O verbo "ficar" no contexto da frase exige a preposição “a”. A expressão "atento a" indica que alguém presta atenção em algo, e "atento a" é uma locução prepositiva que requer a preposição "a". Assim, estamos diante do primeiro componente que justifica o uso da crase neste caso: a preposição “a”. 

O segundo elemento a ser considerado é a palavra “aquela”, que é um demonstrativo feminino e já inicia com a letra “a”. Portanto, quando unimos a preposição “a” ao artigo feminino “a” da palavra “aquela”, ocorre a crase, levando à forma “àquela”.

Agora, vamos analisar as alternativas propostas:
<ul>
 <li>A) A palavra “humilde” exige a preposição “a”. - Esta afirmação é incorreta, pois "humilde" é um adjetivo que não exige preposição; a necessidade da crase não se deve à palavra "humilde", mas sim à regência do verbo e ao gênero do substantivo.</li>
 
 <li>B) O verbo “ficar” exige a preposição “a”, e a palavra “aquela” já começa com a vogal “a”. - Esta afirmação é correta, pois, como já analisado, o verbo pede a preposição “a” e “aquela” exige o artigo feminino, que se contrai em “à”.</li>
 
 <li>C) A palavra “vida” é feminina, exigindo a crase. - Embora “vida” seja feminina, a crase não está relacionada apenas ao gênero feminino; ela é consequência da junção da preposição com o artigo.</li>
 
 <li>D) O verbo “ficar” exige a preposição “para”, que se contrai com o artigo feminino. - Esta afirmação é equivocada. O verbo "ficar", neste contexto, exige a preposição “a”, não “para”.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
Portanto, a alternativa B é a que melhor justifica o uso correto da crase em “àquela” no contexto da frase, pois explica de forma clara e completa a combinação da preposição “a” com o artigo da palavra “aquela”.

Gabarito: Letra B

Rubem Braga 

 Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. Então o homem esqueceu o trabalho e as promissórias, esqueceu a condução e o telefone e o asfalto, e saiu andando lentamente por aquele morro coberto de um mato viçoso, perto de sua casa. O capim cheio de água molhava seu sapato e as pernas da calça; o mato escurecia sem vaga-lumes nem grilos.
 Pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma benção. Ali perto mesmo a cidade murmurava, estava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impacientes de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de mato, uma pedra escura. Ali perto, dentro de uma casa fechada, um telefone batia, silenciava, batia outra vez, interminável, paciente, melancólico. Alguém, com certeza já sem esperança, insistia em querer falar com alguém.
 Por um instante, o homem voltou seu pensamento para a cidade e sua vida. Aquele telefone tocando em vão era um dos milhões de atos falhados da vida urbana. Pensou no desgaste nervoso dessa vida, nos desencontros, nas incertezas, no jogo de ambições e vaidades, na procura de amor e de importância, na caça ao dinheiro e aos prazeres.
Ainda bem que de todas as cidades do mundo o Rio é a única a permitir a evasão fácil para o mar e a floresta. Ele estava ali num desses limites entre a cidade dos homens e a natureza pura; ainda pensava em seus problemas urbanos – mas um camaleão correu de súbito, um passarinho piou triste em algum ramo, e o homem ficou atento àquela humilde vida animal e também à vida silenciosa e úmida das árvores, e à pedra escura, com uma pele de musgo e seu misterioso coração mineral.
 E pouco a pouco ele foi sentindo uma paz naquele começo de escuridão, sentiu vontade de deitar e dormir entre a erva úmida, de se tornar um confuso ser vegetal, num grande sossego, farto de terra e de água; ficaria verde, emitiria raízes e folhas, seu tronco seria um tronco escuro, grosso, seus ramos formariam copa densa, e ele seria, sem angústia nem amor, sem desejo nem tristeza, forte, quieto, imóvel, feliz.

Análise do uso da crase na questão:A crase ocorre quando há a fusão da preposição "a" com o artigo definido feminino "a(s)" ou com o pronome demonstrativo que admite esse artigo. Para identificar corretamente o uso da crase, devemos analisar as palavras que seguem as lacunas e verificar se exigem preposição "a" e se admitem artigo feminino. Analisando lacuna por lacuna:<ul><li>Primeira lacuna: "a manutenção"</li><li> O termo "manutenção" é um substantivo feminino que admite o artigo definido "a". A expressão "relação entre" rege a preposição "entre" e, em seguida, temos "manutenção de padrões". Para ligar "relação entre" a "manutenção", não há preposição "a" exigida, não havendo motivo para crase. Portanto, a forma correta é "a manutenção".</li><li>Segunda lacuna: "próximo a essa área"</li><li> "Próximo" exige a preposição "a" quando seguida de palavras femininas, e "essa área" é uma expressão feminina que não admite artigo. Como "essa" é um pronome demonstrativo, se estivesse havendo crase seria com "à" (a + a). No entanto, "próximo" rege preposição "a" e o pronome demonstrativo "essa" não admite artigo definido. Logo, não há crase, pois não ocorre a fusão preposição + artigo. Então, o correto é "próximo a essa área", sem crase.</li><li>Terceira lacuna: "relacionado às decisões"</li><li>O adjetivo "relacionado" exige a preposição "a". O substantivo "decisões" é feminino plural e admite o artigo definido "as", o que possibilita o uso da crase em "às decisões" (a + as). No entanto, é gramaticalmente possível construir a frase omitindo o artigo definido, resultando apenas na preposição "a", o que tornaria a crase facultativa. Assim, tanto "a decisões" (sem crase) quanto "às decisões" (com crase) podem ser considerados corretos, dependendo da intenção estilística do autor.</li><li>Quarta lacuna: "desbloqueamos a capacidade"</li><li> O verbo "desbloquear" é transitivo direto, não exige preposição "a". Portanto, não há necessidade de crase. "Capacidade" é feminino, admite artigo definido, mas como não há preposição, não se usa crase. A forma correta é "a capacidade".</li></ul> Assim, a alternativa A preenche corretamente as lacunas segundo as regras do uso da crase: ausência de crase na primeira e segunda lacunas, crase facultativa na terceira (às decisões ou a decisões) e ausência na quarta lacuna. Alternativa Correta:A) a ... a ... às ... aGabarito: Letra A

 O governo chegou à comprar centenas de milhares de vacinas.

 Os pesquisadores chegaram à uma conclusão.

 A pesquisa à que o cientista se referiu é semelhante ao estudo da Covid-19.

Análise das Alternativas:

A crase refere-se à contração da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”, utilizada em contextos específicos, como em locuções prepositivas, adverbiais e em certos substantivos femininos.

<ul>
 <li>Alternativa A: "O governo chegou à comprar centenas de milhares de vacinas." 
 Esta frase está errada porque não se deve usar a crase antes do verbo. A expressão correta seria "chegou a comprar". Portanto, a crase não é adequada neste contexto.</li>

 <li>Alternativa B: "É uma enfermidade igual à outra." 
 Esta frase apresenta o uso correto da crase. A palavra "outra" admite o artigo feminino "a", e a preposição "a" antecede a palavra, resultando em "à". Logo, esta alternativa está correta.</li>

 <li>Alternativa C: "Os pesquisadores chegaram à uma conclusão." 
 Aqui, a crase está inadequada, pois "uma" não admite o artigo feminino "a" antecedente. O correto seria "chegaram a uma conclusão". Portanto, esta frase está errada.</li>

 <li>Alternativa D: "A pesquisa à que o cientista se referiu é semelhante ao estudo da Covid-19." 
 Neste caso, mais uma vez a crase é usada incorretamente. A forma correta seria "a que o cientista se referiu", pois o que se tem é apenas a preposição "a" e não a fusão com um artigo. Logo, a frase está errada.</li>
</ul>

Diante da análise das alternativas, apenas a alternativa B faz um uso correto da crase.

Gabarito: Letra B

    A Guiné Equatorial confirmou o seu primeiro surto de febre hemorrágica de Marburg, doença causada pelo vírus de Marburg. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até aquela data foram contabilizadas nove mortes mais 16 casos suspeitos com sintomas como febre, fadiga e vômito com sangue e diarreia.
    Autoridades de saúde do país enviaram amostras ao laboratório de referência do Instituto Pasteur no Senegal, com ajuda da OMS, para determinar a origem do surto. Das oito amostras testadas, uma deu positivo para o vírus.
    Segundo a OMS, há várias investigações em andamento. Existem equipes nos distritos afetados para rastrear contatos, isolar e fornecer assistência médica às pessoas que apresentam sintomas da doença. A organização, em colaboração com forças nacionais da Guiné Equatorial, também colocou esforços para montar rapidamente uma resposta de emergência e controle do surto.
    A doença causada pelo vírus de Marburg é rara, porém mortal. Ela tem taxa de letalidade de até 88%, mas com os cuidados adequados ao paciente, pode cair para até 24%. Em comparação, a taxa do Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19, chegou a 14% no auge da pandemia. A do vírus do Ebola, que já variou de 25% a 90%, hoje tem média de 50%.
    Isso torna o vírus de Marburg um dos mais letais do mundo. Capaz de atingir humanos e outros primatas, ele pertence à família Filoviridae, a mesma do vírus do Ebola – e causa sintomas similares: a doença começa abruptamente, com febre alta, dor de cabeça e mal-estar intensos. Dentro de sete dias, muitos pacientes já desenvolvem sintomas hemorrágicos graves.
    O vírus é altamente infeccioso, e pode ser transmitido às pessoas por morcegos que se alimentam de frutas, ou se espalhar entre os humanos por meio do contato direto com fluidos corporais, superfícies e materiais infectados.
    O intervalo da infecção até o início dos sintomas, chamado de período de incubação, varia de 2 a 21 dias. Além dos sintomas já citados, dores musculares também são uma característica comum.
Diarreia intensa, dor abdominal e cólicas, náuseas e vômitos podem começar no terceiro dia.
    Muitos pacientes desenvolvem quadros hemorrágicos graves entre o quinto e o sétimo dia – casos fatais costumam apresentar sangramento generalizado. O sangue fresco no vômito e nas fezes costuma ser acompanhado de sangramento nasal, gengival e vaginal.
    Em casos fatais, a morte ocorre mais frequentemente entre 8 e 9 dias após o início dos sintomas, geralmente precedida por intensa perda de sangue.
    O nome Marburg é em referência à cidade em que foi identificado um dos primeiros surtos da doença. Em 1967, grandes surtos simultâneos atingiram três cidade: Belgrado (Sérvia), Frankfurt (Alemanha) e, a pouco menos de 100 quilômetros ao norte dali, a também alemã Marburg.
    O problema começou quando trabalhadores de laboratório foram expostos a macacos infectados trazidos de Uganda. Os pesquisadores passaram a doença para médicos e familiares, resultando em 31 pessoas infectadas e sete mortes.
    Apesar do início na Europa, a maioria dos casos ao longo dos anos se restringiu à África. Há relatos de surtos e casos esporádicos em Angola, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e em Uganda – neste último, em 2008, houve registro de dois casos independentes de viajantes que visitaram uma caverna habitada por colônias de morcegos.
    O mais indicado é tomar cuidado com áreas de morcegos frugívoros. Durante pesquisas ou visitas turísticas em minas ou cavernas habitadas por morcegos do tipo, as pessoas devem usar luvas e outras roupas de proteção adequadas. Detalhe: a espécie de morcego atribuída à propagação do vírus, a Rousettus aegyptiacus, só é encontrada na África e em algumas partes da Ásia.
    Outra medida importante é reduzir o risco de transmissão entre pessoas via fluidos corporais. É melhor evitar contato físico próximo com pacientes suspeitos, e luvas e equipamentos de proteção individual devem ser usados ao cuidar de doentes em casa. Além de, é claro, sempre lavar as mãos.
    É pouco provável que o surto da Guiné Equatorial se torne uma pandemia tão disseminada quanto a da Covid-19. Os sintomas do vírus de Malburg aparecem em poucos dias e, rapidamente, levam o paciente a um quadro grave (e um possível óbito). Dessa forma, não dá tempo para que ele se espalhe e infecte muitas pessoas, como fez o SarsCoV-2 (e como faz o vírus da gripe, que tem uma taxa de letalidade baixa e se dissemina rapidinho).
    Mesmo assim, é bom ficar alerta – afinal, viajantes podem levar o vírus para outros países – e acompanhar a resposta à doença, que, até agora, tem sido positiva.
    “Graças à ação rápida e decisiva das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência pôde atingir todo o vapor rapidamente para salvarmos vidas e determos o vírus o mais rápido possível”, afirma o Dr.
Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS na África.


Análise da questão sobre o uso da crase:

A crase, na língua portuguesa, é a fusão da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou com os pronomes demonstrativos que admitem a combinação, assinalada pelo acento grave (`à`). Para o seu uso correto, é necessário identificar se há preposição regendo o termo e se ele é feminino, exigindo o artigo definido feminino ou pronome que aceite a contração.

Vamos analisar cada lacuna do enunciado, considerando essas regras:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Primeira lacuna: "Atribui-se _____ Bertie Felstead"</li>
</ul>

O verbo "atribuir" rege a preposição a, e Bertie Felstead é um nome masculino, portanto, não há artigo feminino que justifique o uso da crase. No entanto, a palavra seguinte é um nome próprio masculino sem artigo, então não deve levar crase. Mas o enunciado apresenta as alternativas iniciando tanto com "a" quanto com "à".

Porém, note que o verbo "atribuir" rege a preposição "a". Ocorre que o termo Bertie Felstead, apesar de ser nome próprio masculino, está precedido da preposição, mas não há artigo feminino para ser contraído, portanto, espera-se apenas a preposição "a" simples, sem crase.

Alternativamente, segundo a norma culta, alguns substantivos próprios femininos ou masculinos podem por vezes ser usados com artigo definido. No caso, como Bertie é nome próprio masculino, não há artigo, então não há crase.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Segunda lacuna: "faleceu _____ portas do século XXI"</li>
</ul>

Na expressão "às portas do século", temos um termo feminino plural ("portas") regido pela preposição "a" e acompanhado do artigo definido feminino plural "as". A preposição "a" + artigo feminino plural "as" formam a crase, e a forma correta será, portanto, "às portas".

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Terceira lacuna: "alheios _____ brutalidade da guerra"</li>
</ul>

O adjetivo "alheios" rege a preposição "a", e o termo seguinte "brutalidade" é um substantivo feminino singular, acompanhado de artigo definido feminino "a". Assim, ocorre a crase: "à brutalidade".

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Quarta lacuna: "frente _____ frente"</li>
</ul>

A expressão "frente a frente" é uma locução adverbial de modo que, conforme a norma culta, não aceita o uso da crase porque não ocorre a fusão da preposição com o artigo feminino. Na verdade, usa-se a preposição simples "a" sem o artigo, portanto sem crase.

Resumindo, as formas corretas para as lacunas são:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Primeira lacuna: a (sem crase)</li>
 <li>Segunda lacuna: às (com crase)</li>
 <li>Terceira lacuna: à (com crase)</li>
 <li>Quarta lacuna: a (sem crase)</li>
</ul>

De acordo com as alternativas dadas, apenas a letra B corresponde a essa sequência: a ... às ... à ... a.

Alternativa Correta:
A alternativa B está correta porque segue as regras de uso da crase conforme explicado.

Gabarito: Letra B

    Enquanto o século vinte e um nascia, morria Bertie Felstead, aos cento e seis anos de idade.
    Havia atravessado três séculos, e era o único sobrevivente de um insólito jogo de futebol que foi disputado no Natal de 1915. Jogaram aquela partida os soldados britânicos e os soldados alemães, num campo improvisado entre trincheiras. Uma bola apareceu, vinda sabe-se lá de onde, e desandou a rodar, não se sabe como, e então o campo de batalha se transformou num campo de futebol. Os inimigos jogaram para o alto suas armas e correram para disputar a bola.
    Os soldados jogaram enquanto puderam, até que os oficiais furiosos fizeram com que se lembrassem de que estavam ali para matar ou morrer.
    Passada a trégua do futebol, voltou a carnificina; mas a bola tinha aberto um fugaz espaço de encontro para aqueles homens obrigados a se odiar.


Questões de Português - Sintaxe - Uso da crase