 É obrigatória, por se tratar de uma locução adverbial de que participa palavra feminina regida por preposição a.

 É facultativa, visto que também existe a expressão “as vezes” sem crase.

 É obrigatória, por se tratar de indicação de hora.

 É obrigatória, por se tratar de locução conjuntiva com núcleo feminino regido por preposição a.

Nesta questão, o uso da crase na expressão “às vezes” é analisado à luz das normas gramaticais que versam sobre a regência e os elementos que compõem essa locução adverbial. Devemos recordar que a crase ocorre quando há a fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a(s)”.

A expressão “às vezes” constitui uma locução adverbial, em que a palavra “vezes” é um substantivo feminino plural. Quando a preposição “a” se junta ao artigo “as” que acompanha o substantivo, ocorre a fusão que denotamos com o uso do acento grave indicativo de crase. Assim, a forma correta é “às vezes”, com crase, e não “as vezes”. Isto mostra que a crase é obrigatória nesse contexto.

Vale destacar que a alternativa A evidencia corretamente que o uso da crase se justifica por se tratar de uma locução adverbial, onde a preposição “a” faz parte da estrutura sintática da expressão e “vezes” está acompanhado de um artigo definido feminino. Assim, a explicação contida na alternativa A está de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa, ao enfatizar que a crase é obrigatória nesse caso.

Analisando as demais alternativas, percebe-se que:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa B: Incorreta, pois propõe uma hipótese de facultatividade, o que não ocorre com a locução “às vezes” que demanda o uso obrigatório do acento grave.</li>
 <li>Alternativa C: Incorreta ao justificar a ocorrência de crase como indicação de hora, sendo que “às vezes” não cumpre essa função específica no contexto apresentado.</li>
 <li>Alternativa D: Também incorreta, pois não se trata de uma locução conjuntiva, mas sim de uma locução adverbial de tempo, e, portanto, a justificativa apresentada não se aplica.</li>
</ul>

É importante que os candidatos estejam atentos a detalhes como este, já que o conhecimento profundo da regência e das locuções adverbiais é crucial para o correto uso da crase, especialmente em contextos formais, como em concursos públicos e redações. Assim, a compreensão dos fundamentos gramaticais, bem como a prática na análise de textos, contribuirá para o desempenho dos candidatos nas provas de Língua Portuguesa.

Gabarito: Letra A

Eu, que já andei pelos quatro cantos do
mundo procurando
Foi justamente num sonho que Ele me falou

Às vezes você me pergunta
Por que é que eu estou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao seu lado
Você pensa em mim toda hora
Me vem, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar

Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar

Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou

Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar

Você me tem todo o dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim

Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra "A" tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos "peg-pagues" do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
É, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio

O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio

Análise da Questão:

Na questão apresentada, devemos analisar as frases onde foi empregada a crase, isto é, o acento indicativo de fusão da preposição "a" com o artigo definido "a". Para responder corretamente, é necessário verificar se a combinação está de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Frase I: "Ele já aprendeu a contar de 1 à 10." - Nesta frase, o uso da crase é inadequado porque números ordinais ou cardinais, quando indicam intervalos numéricos, não admitem a presença de artigo, com exceção de casos específicos que não se aplicam aqui. O correto seria não utilizar o acento indicativo de crase, ou seja, “de 1 a 10”.</li>
 
 <li>Frase II: "Chegaram à rodoviária mais cedo que o previsto." - Nesta situação, há a fusão da preposição “a”, exigida pelo verbo “chegar” (no sentido de “alcançar” ou “chegar a um lugar”), com o artigo feminino “a” que acompanha “rodoviária”. Assim, o emprego da crase está correto.</li>
 
 <li>Frase III: "Ela referiu-se à comemoração do carnaval." - Neste caso, o uso do acento indicativo de crase é justificado, pois o verbo “referir-se” exige a preposição “a” e, para que se fundam, há a presença do artigo “a” que precede o substantivo “comemoração”. Logo, a aplicação do acento é gramaticalmente correta.</li>
</ul>

Dessa forma, as frases II e III apresentam o emprego correto do acento indicativo de crase, enquanto a frase I contém erro. As demais alternativas que agrupam incorretamente as frases, por exemplo, a alternativa A que indica que todas estão corretas, ou as alternativas que apenas excluem uma das frases corretas, não são adequadas. Portanto, a única alternativa correta é aquela que aponta que apenas as frases II e III estão corretas.

Alternativa Correta:

Gabarito: Letra C

Análise Geral da Questão

Nesta questão, o objetivo é identificar o uso correto do acento indicativo de crase nas frases apresentadas. A presença da crase depende da junção da preposição "a" com o artigo definido "a" que acompanha o termo seguinte. Assim, é fundamental verificar se, após a preposição, há um substantivo feminino que exija o artigo "a".

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>I. "Retornou à pousada porque havia esquecido sua chave." 
 Nesta frase, o verbo "retornar" exige o uso da preposição "a", e como o substantivo "pousada" está acompanhado do artigo definido "a" ("a pousada"), ocorre a fusão que resulta na crase ("à"). Portanto, o uso da crase é correto.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">II. "Pediu à ele que abaixasse o volume." 
 Neste caso, "ele" é um pronome pessoal, ao lado do qual a crase não se emprega. O uso da crase ocorre somente quando é possível substituir "a" + artigo definido. Como o pronome "ele" não admite artigo, o uso da crase é inadequado.</li>
 
 <li>III. "O relatório está relacionado à estrutura organizacional." 
 Aqui, o termo "estrutura organizacional" é um substantivo feminino e, geralmente, vem acompanhado do artigo definido "a" (a estrutura organizacional). Dessa forma, a preposição "a" exigida pelo termo "relacionado" combina-se com o artigo, originando a crase ("à"). Assim, o emprego é adequado.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

Com base nessa análise, verifica-se que as frases I e III utilizam a crase de forma correta, enquanto a frase II apresenta erro, pois não se utiliza crase antes de pronomes pessoais. Dessa maneira, a alternativa que reúne as frases corretas é a que afirma que apenas I e III estão corretas.

Gabarito: Letra D

A questão aborda o uso da crase em um trecho específico do texto "Os veranistas". A crase é a fusão de duas vogais idênticas, neste caso, a preposição "a" com o artigo "a". Para determinar a possibilidade do seu uso, é preciso verificar a regência e a natureza dos termos envolvidos. I. A crase deveria ter sido utilizada, pois o termo regente (verbo) exige preposição “a”, e o termo regido (objeto) admite o artigo “a”.Essa afirmação é falsa, pois o termo em questão é "a momentos". O verbo não exige crase aqui, já que "momentos" é masculino e não se justifica o artigo feminino.II. Não se justifica a crase. Embora o termo regente (verbo) exija preposição “a”, o termo regido (complemento) é substantivo masculino e não admite o artigo “as”. Essa afirmação é verdadeira. O complemento "momentos" é masculino e não admite artigo definido feminino.III. Não se justifica a crase. Embora o termo regente (objeto) seja masculino, o termo regido (verbo) é feminino e não admite o artigo “as”. Essa afirmação também é falsa. O objeto não é masculino, a questão se trata da relação de "a momentos".IV. A crase deveria ter sido utilizada, pois o termo regente (substantivo) é feminino e exige artigo “a”, e o termo regido (complemento) é substantivo masculino e admite preposição “os”. Essa afirmação é falsa. A explicação não se aplica ao contexto, já que o substantivo não é feminino. A análise revela que apenas a afirmação II está correta, portanto a sequência correta é F – V – F – F, correspondente à alternativa C.Gabarito: Letra C

Uma quinzena de férias com hospedagem numa casa confortável, com piscina, em local ensolarado, repleto de praias belíssimas, na companhia da família e de amigos íntimos nem sempre corresponde a momentos agradáveis e de lazer. Em “Os veranistas”, a escritora Emma Straub analisa as contraditórias relações de afeto na contemporaneidade, deslocando para Palma de Maiorca, na Espanha, um grupo de sofisticados nova-iorquinos que estão vivendo uma fase de transição de suas vidas, enquanto superam traições amorosas. O resultado é um romance encantador sobre a vida em família, a amizade e o amor.
Apesar de não conviverem diariamente, todos os integrantes do grupo mantêm o equilíbrio pessoal contando com o apoio da estrutura que os demais montam. Os hábitos de cada um, que irritam ou encantam os demais, compõem essa extensa e intensa reunião de figuras notáveis, mas que são tão familiares quanto as que encontramos no dia a dia. Uma narrativa que hipnotiza o leitor por sua aparente simplicidade e, principalmente, pela profundidade do que discute: a dificuldade das escolhas numa sociedade em que todas as ligações podem ser facilmente desfeitas.


Alternativa Correta:

Analisemos, item a item, a aplicação das regras de emprego da crase e da ausência dela para preencher as lacunas do texto, lembrando que os elementos a serem inseridos em cada uma das lacunas (localizadas, respectivamente, no 1º, 3º, 5º, 6º e 8º parágrafos) foram, na alternativa correta, “a / à / a / há / à”.

No 1º parágrafo, a lacuna ocorre na frase “…monitorar não apenas a fala alheia como ____ própria”. Aqui, a preposição “a” é exigida pelo verbo (“monitorar”) ao indicar a complementação com “própria”, sem a necessidade de artigo que permita a fusão com a preposição. Assim, usamos simplesmente “a própria”, sem crase.

No 3º parágrafo, encontramos “…associado ____ cor de pele de pessoas”. A palavra “cor” é um substantivo feminino que admite o artigo “a”. Assim, a preposição “a” (exigida pelo verbo “associar”) funde-se com o artigo “a”, formando “à”.

No 5º parágrafo, a lacuna aparece em “…a expressão foi reduzida ____ uma sigla (PcD)…”. Antes de palavras iniciadas por artigo indefinido, como “uma”, não ocorre crase, pois não há a fusão de preposição com artigo definido. Dessa forma, emprega-se simplesmente “a”, sem crase.

No 6º parágrafo, temos “____ algum tempo, tribunais eleitorais vinham usando…”. Aqui, o verbo “haver” no sentido de “fazer” (tempo decorrido) exige o uso de “há” para indicar lapso temporal, sem relação com a crase, pois não se trata de fusão de preposição com artigo, mas sim da forma do verbo.

Por fim, no 8º parágrafo, a lacuna é preenchida em “…alguns os rejeitem por apego ____ tradição…”. “Tradição” é um substantivo feminino que admite o artigo “a” e, nesse contexto, a preposição “a” (exigida pelo termo “apego”) contrai-se com o artigo, resultando em “à”.

Em contrapartida, as demais alternativas apresentam erros na aplicação destas regras. Por exemplo, algumas sugerem crase onde não se justifica (como no primeiro parágrafo) ou omitem a crase onde ela é necessária (como no terceiro e no oitavo parágrafos), além de erros na utilização de “há” para indicar tempo decorrente.

Logo, a alternativa B – com o preenchimento “a / à / a / há / à” – obedece corretamente à norma culta da Língua Portuguesa, respeitando as regras de regência e o emprego ou não da crase em cada situação apresentada pelo texto.

Gabarito: Letra B

<center>Conjunto de falantes é o árbitro das mudanças linguísticas.</center>
 É sempre interessante observar como a língua se comporta diante das tensões que nela se refletem. De uns tempos para cá, muita gente passou a ser corrigida em público nas transmissões ao vivo na internet por uma audiência empenhada em rastrear as marcas de racismo, machismo, homofobia e demais preconceitos que estariam inscritos na língua. Não foram poucos os que passaram a monitorar não apenas a fala alheia como ____ própria, ciosos de que mudar as palavras é uma forma de mudar o mundo. Talvez seja, talvez não seja. O tempo dirá.
 Personagens de novela, que geralmente aparecem na trama fazendo merchandising de produtos, passaram a vender também as lições civilizatórias da cultura “woke”. “Nuvens negras” que anunciavam mau tempo foram substituídas por “nuvens cinza” e muitos outros exemplos foram incorporados aos scripts. Ao mesmo tempo, a ministra Anielle Franco ressaltou que termos como “caixa-preta” e “buraco negro”, que pareciam insuspeitos, também tinham uma carga de preconceito racial.
 O verbo “denegrir”, mesmo sendo usado desde o latim no sentido de manchar a reputação, foi um dos principais alvos das cartilhas de letramento racial que apareceram na internet, associado ____ cor de pele de pessoas, sempre com a advertência de que era muito importante mudar os hábitos linguísticos. A motivação é das melhores; só não sabemos ainda se isso vai contribuir, de fato, para o fim do racismo e dos demais preconceitos.
 Dia desses, ouvi uma pessoa ser corrigida em uma live ao usar a expressão “mãe solteira”, que deveria ser substituída por “mãe solo”. A explicação era que “mãe solteira” é uma expressão preconceituosa porque o estado civil não tem nada a ver com a maternidade. Perfeito. Nesse caso, talvez o ideal fosse a supressão do adjetivo: já que não se diz “mãe casada” ou “mãe viúva”, por que dizer “mãe solteira”? Bastaria dizer “mãe”.
 Outro caso interessante é o da expressão “pessoa com deficiência”, que viria substituir “deficiente”, pois nenhum ser humano deveria ser definido pela sua deficiência – o uso da palavra “pessoa” teria uma função importante na conscientização de que eventuais deficiências não impedem alguém de ter uma vida normal. De fato, mas o que se vê hoje é que a expressão foi reduzida ____ uma sigla (PcD) e lida “pê-cê-dê”. É provável que essa simplificação tenha ocorrido em razão do princípio da economia, muito importante na comunicação.
 ____ algum tempo, tribunais eleitorais vinham usando com insistência a construção “eleitores e eleitoras” e também “pessoa eleitora”. Parece que as coisas andaram mudando. Em trabalhos acadêmicos, sobretudo na área de humanidades, passou a ser “obrigatório” o uso da linguagem dita “inclusiva”, de modo que, onde se lia “os historiadores”, se passou a ler “os historiadores e as historiadoras” – e assim por diante, sempre com as duas palavras, no masculino e no feminino. No meio acadêmico, o uso se tornou comum.
 Uma coisa, porém, temos de reconhecer. Essa prática, além de tornar o texto enfadonho, é totalmente desnecessária. O motivo é muito simples: a forma “historiadores”, no masculino, generaliza as pessoas que exercem essa atividade. É a condição de “historiador” que interessa quando usamos o termo de modo geral (por exemplo, “os historiadores do século passado”), não a identidade do ser humano. O termo feminino existe para as situações em que tratamos de uma ou mais mulheres em particular (“uma historiadora do período”). Isso vale para qualquer termo que indique a função, a condição, a profissão etc., mas não vale, por óbvio, para homens e mulheres. Ninguém nunca disse os “homens aqui presentes” com o intuito de englobar “homens e mulheres”, certo? 
 O problema é que não está a nosso alcance fazer uma mudança desse teor, de caráter estrutural. A língua é uma construção coletiva autogerida. É a coletividade representada pelos falantes que determina o que muda e o que não muda, o que tem cabimento e o que não tem. É fácil perceber isso no caso dos neologismos, que, quando úteis ou funcionais, passam a integrar a língua, mesmo que alguns os rejeitem por apego ___ tradição ou por outro motivo.
 O pronome “todos”, por exemplo, é um pronome indefinido que indica totalidade inclusiva (todas as pessoas). É uma das palavras mais inclusivas da língua (ao lado de “tudo”), mas a cartilha da inclusão recomenda cumprimentar a “todos e todas”, reduzindo o alcance de “todos”, que ficaria restrito ao gênero masculino. Pode-se dizer que essa fórmula de saudação foi bem-aceita e acabou virando regra de etiqueta em alguns lugares. Cumprimenta-se a “todos e todas” e, depois, está-se livre para continuar falando de forma econômica.
 O tempo dirá se a sociedade mudou no rastro das palavras ou se o movimento é exatamente o inverso. Aguardemos.

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