Para entender essa questão, vamos primeiro pegar essa ideia de "língua natural" e ver como ela se relaciona com as alternativas apresentadas. A questão pede em qual das alternativas a "língua natural" se encaixa predominantemente.

 

A "língua natural", conforme discutido no texto, é aquela que adquirimos de forma intuitiva, sem instrução formal. É a linguagem que falamos em casa, com família e amigos. Assim, o texto fala de observar e analisar essas línguas naturais de uma maneira científica, construindo gramáticas juntamente com os alunos.

 

<ul>
<li>Sociolinguística: trata da linguagem relacionada ao seu uso social e como isso afeta a estrutura linguística e a interação das pessoas. Importante, mas não exatamente o foco aqui.</li>
<li>Gramática prescritiva: foca nas regras e normas que ditam o uso "correto" do idioma. Claramente, não é o alvo do texto, que impulsiona olhares diversos sobre a linguagem.</li>
<li>Gerativismo linguístico: esse sim é interessante para nosso caso. Fundado por Noam Chomsky, que é mencionado no texto, o gerativismo busca entender as capacidades e limitações da capacidade humana para a linguagem. A ênfase está no desenvolvimento de uma teoria que explique a produtividade e criatividade infinita da linguagem humana. Encaixa-se muito bem com a ideia de explorar diferentes gramáticas das línguas naturais através da participação ativa dos estudantes.</li>
<li>Estruturalismo linguístico: embora trate da linguagem como um sistema de sinais e explore estruturas, seu ângulo é mais formal e menos experimental comparado ao gerativismo.</li>
<li>Ética linguística: trata da ética na comunicação, não diretamente relacionado aos estudos de gramáticas ou estruturas linguísticas em contextos naturais.</li>
</ul>

 

O gerativismo linguístico claramente se alinha com a descrição do texto de incentivar os alunos a construir e explorar gramáticas, enfocando a teorização científica das línguas. Isso conecta diretamente com as referências feitas ao trabalho de Chomsky e outros, que investigam linguagens naturais e seu aprendizado de maneiras inovadoras e científicas.

 

▶︎ A alternativa correta é C.

E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo. Paulo Freire, 2000: 136. 
 
1.1 O ALUNO QUE CONSTRÓI GRAMÁTICAS 
 Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade para se conhecer outras línguas, compará-las. 

 Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem avaliar um argumento. 

 As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola. 

 Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas, outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.

Legal, vamos decifrar essa questão! O enunciado cita a importância da sociolinguística na escola e menciona a inclusão de "todos os falares" como parte fundamental do ensino. A sociolinguística, só para contextualizar, é o ramo da linguística que investiga as relações entre a sociedade e a linguagem, focando em como variações linguísticas se relacionam com grupos sociais.

 

O autor especificado na alternativa correta é Stella Maris Bortoni-Ricardo. Ela é bastante renomada no campo e seu trabalho se concentra exatamente na área de sociolinguística aplicada ao ensino de línguas, considerando as diferenças dialetais e o contexto social dos falantes. Bortoni-Ricardo tem várias obras que exploram como o ensino de língua deve abordar a variação linguística, tratando a sociolinguística como uma ferramenta essencial para a inclusão e o reconhecimento dos diferentes modos de falar.

 

Os outros nomes na lista, como Ingedore Villaça Koch, Carlos Henrique da Rocha Lima, Napoleão Mendes de Almeida, e Sérgio Nogueira, têm contribuições em outras áreas do estudo da língua portuguesa, mas não se destacam tanto quando se trata especificamente de sociolinguística voltada ao ensino nas escolas. Portanto, a identificação de Bortoni-Ricardo como uma defensora desse enfoque no ambiente escolar faz todo sentido e está super alinhada com o que foi discutido no enunciado.

 

A alternativa correta é C.

Olha só, galera, essa questão está mergulhando no mundo da Linguística, mostrando como esse estudo pode ser incorporado nas aulas de Português de uma maneira bem dinâmica e inclusiva. O texto discute a ideia de construção de gramáticas pelos alunos e como isso pode desenvolver suas habilidades de raciocínio, escrita e leitura, além de trazer à tona a importância de valorizar todas as variedades linguísticas.

 

O texto menciona especificamente as contribuições de várias pesquisas e teorias, e tem um foco especial no gerativismo linguístico. Este é um dos pilares da Linguística moderna, que investiga as estruturas e funções da linguagem humana, apresentando uma forma científica de explorar as línguas naturais, ou seja, aquelas que aprendemos de forma natural, sem aulas formais.

 

O gerativismo foi introduzido por Noam Chomsky, que é referido como o "pai" dessa gramática no texto da questão. A Gramática Gerativa proposta por Chomsky revolucionou a maneira como entendemos a capacidade linguística humana, argumentando que todos os falantes nativos compartilham um conhecimento inato da gramática que os capacita a produzir e compreender uma quantidade infinita de sentenças. Essa teoria se afasta significativamente da abordagem mais tradicional de estudar a língua apenas como um conjunto de regras memorizadas e enfatiza a capacidade cognitiva subjacente que permite a comunicação.

 

Chomsky, sendo o líder e mais proeminente teórico da Gramática Gerativa, faz com que a alternativa correta seja, evidentemente, alternativa correta é A.

ensinar gramática normativa, exclusivamente por meio de regras.

trabalhar, em sala, conceitos de sociolinguística.

trabalhar, em sala, descrição fonética dos falares de determinada região.

utilizar-se de textos que reproduzam regionalismos.

Vamos dar uma olhada nesse trecho aqui. A banca do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional está dando um toque para discutirmos maneiras diferentes de abordar o ensino de língua nas escolas, mais especificamente sobre inclusão e visão crítica sobre a língua e seus usos. O trecho em questão propõe que aulas de português tenham um papel ativo na quebra de preconceitos e na formação de cidadãos capazes de argumentar criticamente.
 
A alternativa A surge como a contrapartida correta justamente por propor um método de ensino que reforça o status quo, ou seja, ensinar apenas a gramática normativa de maneira tradicional, focando exclusivamente em regras. Esse método tradicional entra em contraste direto com a proposta do texto, que sugere uma abordagem mais inclusiva e crítica, utilizando a linguística e a reflexão sobre a língua para embasar as aulas, o que contraria o autoritarismo das regras fixas da gramática normativa.
 
O interessante aqui é que as outras alternativas (B, C, D, e E) na verdade se alinham com a ideia do texto: abordar a linguagem de maneiras que expandam a compreensão e aceitação dos vários falares dentro da sociedade. Trabalhar sociolinguística (B), fazer descrições fonéticas regionais (C), discutir o preconceito linguístico (D) e usar textos com regionalismos (E) são todas formas de explorar a diversidade linguística e promover um entendimento mais abrangente e menos preconceituoso sobre a língua.
 
Portanto, a alternativa correta é A.

Vamos mergulhar na análise dessa questão! A palavra "apenas", no excerto mencionado, é usada para enfatizar a suficiência dos recursos mencionados para empreender uma reflexão sobre a linguagem. Essa palavra opera no nível do discurso para modificar o modo como a informação é interpretada, sugerindo que não é necessária uma quantidade grande de recursos para ensinar a raciocinar cientificamente, apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos.

 

Analizando as opções:

<ul>
<li>Modalizador: Um modalizador é um termo ou expressão que modifica a atitude do falante em relação ao conteúdo da mensagem, influenciando na maneira como as informações são entendidas. "Apenas" aqui modifica a maneira de ver a quantidade de recursos necessários, restringindo-a e modulando a percepção sobre o suficiente para ensinar.</li>

<li>Expletivo: Em linguística, um termo expletivo é frequentemente usado sem adicionar significado propriamente dito, servindo mais para dar ênfase. "Apenas" não está sendo usada sem significado aqui; ela tem um papel claro de restrição.</li>

<li>Prosódico: Termos prosódicos estão mais relacionados à sonoridade ou ritmo de fala, não se aplicando ao caso de "apenas" no texto, onde sua função é semântica e pragmática.</li>

<li>Injuntivo: Relacionado a dar instruções ou ordens, o que não é o papel de "apenas" neste contexto.</li>

<li>Narrativo: Termos narrativos contribuem para a construção de uma narração ou relato; "apenas" não está promovendo uma narrativa, mas limitando ou modulando uma afirmativa.</li>
</ul>

 

Portanto, a função de "apenas" é primariamente a de um modalizador, pois modifica a interpretação da afirmação sobre os recursos necessários para a consistente reflexão sobre a linguagem, deixando claro que são suficientes bem poucos recursos. Trata-se de uma palavra que influencia a atitude em relação à informação sendo comunicada.

 

A alternativa correta é A.

Questões de Português - Tipos de gramática