Vamos destrinchar cada afirmação sobre gramática para ver como a banca da FEPESE trabalha esses conceitos e porque a opção B é considerada correta.

 

1° afirmativa: "Não existe língua sem gramática." Verdadeira. A gramática é, de fato, o conjunto de regras e normas que regem o uso de uma língua. Mesmo que implícita, toda língua possui estruturas gramaticais que permitem a comunicação.

 

2° afirmativa: "A gramática reflete as diversidades geográficas, sociais e de registro da língua." Verdadeira. Existe não apenas a gramática normativa, que é mais prescritiva, mas também a gramática descritiva, a qual observa e registra as variações linguísticas em diferentes contextos. Assim, a gramática pode, sim, refletir diversidades.

 

3° afirmativa: "O foco do ensino de gramática deve ser seu caráter prescritivo." Falsa. O ensino moderno da língua sugere que o enfoque da gramática não deve ser apenas prescritivo, ditando regras, mas também descritivo, entendendo usos e acepções em vários contextos sociais e comunicativos.

 

4° afirmativa: "O falante deve fazer-se entender e não explicar o que está fazendo com a língua que fala." Verdadeira. Um dos principais objetivos da comunicação é a clareza e a compreensão. O uso espontâneo e natural da língua enfatiza a funcionalidade comunicativa sobre a explicação teórica das estruturas linguísticas em uso.

 

5° afirmativa: "Os falantes têm liberdade total de compor seus enunciados. Cada um, a seu modo, escolhe as palavras que nele usa, como as usa e a maneira como os estrutura. A liberdade de expressão é fato." Falsa. Embora os falantes tenham liberdade de expressão, existem convenções e normas sociais que limitam e orientam o uso da língua em diferentes contextos para garantir a compreensão e adequação.

 

A alternativa correta é B.

Olá! Vamos desenrolar essa questão com uma vibe bem tranquila. A pergunta está pedindo o termo que melhor define o "Estudo científico da linguagem humana". Então, bora conferir cada termo listado nas opções:

 

Língua: refere-se ao sistema de comunicação comum a uma comunidade de falantes. Esse não é o termo específico para descrever o estudo científico citado no enunciado.

 

Gramática: trata das regras e estruturas de uma língua específica. Embora importante, gramática não cobre o aspecto abrangente e científico de toda linguagem humana.

 

Linguística: aqui está nosso acerto! Linguística é, de fato, o estudo científico da linguagem. Ela investiga todas as facetas da linguagem, desde a formação de sons até as complexidades da semântica e pragmática.

 

Morfossintaxe: é uma parte da gramática que estuda como as palavras se formam (morfologia) e como são estruturadas em frases (sintaxe). Muito específico e não abarca todo o contexto da linguagem humana.

 

Teoria do discurso: investiga como as estruturas linguísticas são usadas no contexto social e cultural. Embora relevante, não é o termo geral para o estudo de toda a linguagem humana.

 

Portanto, a alternativa correta é C, pois a Linguística é o campo de estudo que corresponde ao conceito de "Estudo científico da linguagem humana".

O guardião de foca saiu. /  
Os guardiãos de focas saiu.

O mal do mundo é a ganância. /  
Os maus dos mundos são as ganâncias.

O animal réptil difere do marinho. /  
Os animais répteis diferem dos marinhos.

Bom cidadão não caça animal. /  
Bons cidadões não caçam animais.

O anzol do pescador atingiu uma foca. /  
Os anzoles do pescador atingiram uma foca.

Vamos analisar cada opção para entender por que a alternativa C é correta, mantendo nosso olho atento nos plurais conforme as normas da língua portuguesa.

A) O guardião de foca saiu. / Os guardiãos de focas saiu.
Neste caso, o plural de "guardião" é "guardiões" e não "guardiãos". Além disso, o verbo na forma plural deve ser "saíram" e não "saiu". Portanto, essa alternativa está incorreta.
 

B) O mal do mundo é a ganância. / Os maus dos mundos são as ganâncias.
A palavra "mal", quando se refere a algo ruim, não tem plural como "maus" neste contexto; deveria ser "males". "Os males dos mundos são as ganâncias" seria mais adequado. Logo, essa alternativa também está incorreta.
 

C) O animal réptil difere do marinho. / Os animais répteis diferem dos marinhos.
Aqui, o plural está corretamente aplicado — "animal" para "animais", "réptil" para "répteis", e o verbo "diferem" está correto ao concordar com o sujeito plural "animais répteis". A preposição "do" corretamente muda para "dos" no plural.
 

D) Bom cidadão não caça animal. / Bons cidadões não caçam animais.
O plural correto de "cidadão" é "cidadãos" e não "cidadões". Portanto, esta alternativa está incorreta.
 

E) O anzol do pescador atingiu uma foca. / Os anzoles do pescador atingiram uma foca.
"Anzol" tem como plural "anzóis", não "anzoles". Portanto, essa alternativa também está errada.
 

A alternativa correta é C.

A foca-da-groenlândia é um dos mamíferos mari-
nhos mais caçados do mundo. O Canadá está entre 
os poucos países que permitem a matança e onde 
o governo fornece subsídios e estabelece uma cota 
para a caça. Em 2003, o número foi recorde – 350 mil 
– mas, segundo ambientalistas, as mortes vão muito 
além. Várias focas atingidas escapam para morrer logo 
depois e os filhotes órfãos não conseguem sobreviver.

as autoras desejam que o leitor professor indique várias gramáticas normativas da língua portuguesa para que os alunos estudem.

as autoras desejam que o leitor professor indique várias obras científicas de sociolinguística para que os alunos estudem em sala.

as autoras reconhecem a necessidade de haver necessidade de mais descrição linguística, com base na língua natural, o que implica reconhecimento de “outras gramáticas”.

as autoras orientam o professor leitor ao estudo dos clássicos para que se descreva uma gramática prescritiva.

as autoras orientam o professor leitor ao trabalho exclusivamente científico em sala, de que, ao final de cada aula, haja a confecção de uma gramática descritiva.

Vamos quebrar isso aí, trouxas! Pegando o tom e a vibe do texto, a parada é sobre usar a gramática numa forma mais aberta, valorizando as diversas línguas e dialetos. O título "Gramáticas: rota alternativa para as aulas de português" e a pegada do plural em "gramáticas" já dão a letra de que não estamos falando o tempo todo da gramática tradicional, sacou?

 

Quando falam de "rota alternativa", o texto tá querendo jogar luz nas possibilidades de se pensar e ensinar a língua de formas menos convencionais e mais inclusivas. A parada aqui é mais sobre entender a linguagem como ela rola no dia a dia das pessoas, com todas as suas variações, do que só ficar naquelas regras engessadas de gramática que todo mundo já conhece.

 

Descascando as alternativas:
<ul>
<li>A opção A fala sobre gramáticas normativas, mas o texto não tá tão focado em regras fixas, então essa caí fora.</li>
<li>B menciona obras de sociolinguística, que até tem a ver, mas o texto não especifica isso, tá mais na onda de trabalhar com a língua como ela é falada.</li>
<li>C, essa sim faz sentido. O texto claramente valoriza a descrição linguística real, baseada na língua natural, reconhecendo a diversidade do uso da língua por diferentes falantes.</li>
<li>D fala de gramática prescritiva e estudar clássicos, nada a ver com o que o texto defende.</li>
<li>E a E, apesar de falar de atividade científica, pega muito pesado ao sugerir que é cada aula uma gramática descritiva sendo feita, o que não é o foco principal do texto.</li>
</ul>

 

A sugestão de encarar tudo com um olhar mais curioso para a linguagem como ela é naturalmente é o ponto chave e a resposta C capta bem essa ideia de olhar para as "outras gramáticas".
 

Alternativa correta é C.

E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo. Paulo Freire, 2000: 136. 
 
1.1 O ALUNO QUE CONSTRÓI GRAMÁTICAS 
 Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade para se conhecer outras línguas, compará-las. 

 Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem avaliar um argumento. 

 As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola. 

 Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas, outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.

Ei, vamos destrinchar essa questão que rolou sobre gramática na lupa do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional. A pergunta te joga direto no mundo da sociolinguística, que é um ramo da linguística bem focado em como a sociedade impacta e é impactada pela maneira como usamos a língua. Aqui, está se falando sobre como entender diferentes maneiras de falar (dialetos, linguagens regionais) numa vibe totalmente inclusiva e educacional.

 

O trecho mencionado claramente bate na tecla da diversidade linguística e como a escola pode ser um palco para explorar essa diversidade, sem preconceitos, valorizando todas as formas de falar. A Sociolinguística, como campo de estudo, olha exatamente para esse fenômeno, investigando as variações linguísticas dentro de contextos sociais específicos. Um dos papas desta área é o William Labov, que revolucionou o jeito de estudar a linguagem na sociedade, trazendo insights sobre como classe social, etnia e gênero influenciam no nosso jeito de falar.

 

Já os outros nomes da lista, como Noam Chomsky, são grandes nomes da linguística também, mas com focos diferentes. Chomsky nos deu a gramática generativa, que olha mais para a estrutura mental da linguagem humana. Napoleão Mendes de Almeida, Celso Ferreira da Cunha e Carlos Henrique da Rocha Lima são importantes para a gramática e lexicologia do português, mas não são figuras centrais quando pensamos em sociolinguística especificamente.

 

Então, olhando essa vibe toda, dá pra ver que quem precisa estar no foco aqui é William Labov, que realmente chapou o mundo ao estudar como diferentes grupos sociais utilizam a língua.

 

A alternativa correta é C.

Questões de Português - Tipos de gramática