 O proprietário subiu o preço do aluguel.

 O rapaz cruel bebeu seu próprio veneno.

Na questão apresentada, trata-se de identificar qual entre as alternativas contém um verbo intransitivo, ou seja, um verbo que não necessita de um objeto para completar seu sentido, podendo ou não ser acompanhado de adjuntos adverbiais ou predicativos que não funcionam como seus complementos. Vamos analisar cada alternativa:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Ele chegou cedo. O verbo "chegou" é um verbo intransitivo, pois seu significado é completo sem a necessidade de um objeto direto ou indireto. O termo "cedo" funciona como um adjunto adverbial de tempo, apenas fornecendo uma circunstância adicional.</li>
 <li>B) Bastou-lhe a minha palavra. O verbo "bastou" nesta frase funciona como transitivo indireto, pois necessita do objeto indireto "lhe" para completar seu sentido, indicando a quem ou para quem a ação foi suficiente.</li>
 <li>C) Convidei-o para a ceia de Natal. O verbo "convidei" é transitivo direto, requerendo um objeto direto "o" (a pessoa convidada), para completar seu sentido.</li>
 <li>D) O proprietário subiu o preço do aluguel. O verbo "subiu" aqui é empregado como transitivo direto, pois necessita do objeto direto "o preço do aluguel" para explicitar o que foi elevado.</li>
 <li>E) O rapaz cruel bebeu seu próprio veneno. O verbo "bebeu" é transitivo direto, pois precisa do objeto direto "seu próprio veneno" para indicar o que foi bebido.</li>
</ul>

Com base nas análises das frases, é evidente que a única alternativa que apresenta um verbo intransitivo (não necessita de objeto para completar seu sentido) é a alternativa "A" – "Ele chegou cedo". Os demais verbos das alternativas apresentadas – bastar, convidar, subir (no sentido usado), e beber – são transitivos, pois precisam de um complemento para que sua ação esteja completa.

A alternativa correta é A.

Leia o texto. 
Carta a uma jovem senhora que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de “você” se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”: — Senhora. 
Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado, a cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém. 
Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis «você» escolhestes a mim para tratar de «senhor», é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata dos meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós dois um muro frio e triste. 
Vi o muro, e calei. Não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira. De começo eram apenas os «brotos» ainda mal núbeis que me davam senhoria; depois assim começaram a tratar-me as moças de dezoito a vinte, com essa mistura de respeito, confiança, distância e desprezo que é o sabor dessa palavra melancólica.
Sim, eu vi o muro; e, astuto ou desanimado, calei. Mas havia na roda um rapaz de ouvido fino e coração cruel; ele instou para que repetisses a palavra; fingistes não entender o que ele pedia, e voltastes a dizer a frase sem usar nem «senhor», nem «você». Mas o danado insistiu, e denunciou o que ouvira, e que, no embaraço de vossa delicadeza, evitáveis repetir. Todos riram, inclusive nós dois. A roda era íntima, e o caso era de riso. 
O que não quer dizer que fosse alegre; é das tristezas que rimos de coração mais leve. Vim para casa, e como sou um homem forte, olhei-me ao espelho; e como tenho minhas fraquezas, fiz um soneto. Não vou escrevê-lo aqui; não cabe na coluna. Para vos dar o tom, direi que no fim do segundo quarteto eu confesso que às vezes já me falece valor «para enfrentar o tédio dos espelhos”; e no último terceto digo a mim mesmo: “Volta, portanto a cara e vê de perto – a cara, a tua cara verdadeira – ó Braga envelhecido, envilecido”. 
Sim, a velhice é coisa vil; Bilac o disse em prosa, numa crônica, ainda que nos sonetos ele almejasse envelhecer sorrindo. Não sou Bilac; e nem me dá consolo, mas tristeza, pensar que as musas desse poeta andam por aí hoje encanecidas e murchas, se é que ainda andam e já não desceram todas à escuridão do túmulo. Vivem apenas, eternamente moças e lindas, na música de seus versos, cheios de sol e outras estrelas. Mas a verdade (ouvi, senhora, esta confissão de um senhor ido e vivido, ainda que mal e tristemente), a verdade é o instante. E vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza. Tendes todos os direitos; sois um belo momento da aventura do gênero humano sobre a terra. De trás de meu muro frio eu vos saúdo e canto. Mas ser senhor é triste; eu sou, senhora, e humildemente, o vosso servo.

 A agitação dos meus pensamentos terminou.

 Não devia contar com seu consentimento. 

Vamos analisar a transitividade dos verbos de cada alternativa para encontrar a única situação em que o verbo é intransitivo, ou seja, aquele que não necessita de complemento para ter sentido completo.


A) A agitação dos meus pensamentos terminou. 
O verbo "terminou" é intransitivo neste contexto, pois está sendo usado para indicar o fim de uma ação sem a necessidade de um objeto direto ou indireto que complemente seu sentido. O sujeito "A agitação dos meus pensamentos" é suficiente para completar a ideia, sem a necessidade de outros complementos verbais.



B) Destinava-me ao Curso de Letras. 
O verbo "destinar" é transitivo indireto, exigindo a preposição "a" para ligar-se ao seu complemento, que é "ao Curso de Letras". Além disso, a presença do pronome "me" sugere uma relação de indireta com o sujeito oculto da frase, que pode ser interpretado como "eu me destinava ao Curso de Letras."



C) Meu pai deu a mim excelentes conselhos. 
O verbo "deu" é transitivo direto e indireto, pois requer dois complementos: um objeto direto ("excelentes conselhos") e um objeto indireto ("a mim").



D) Não devia contar com seu consentimento. 
O verbo "contar" neste caso é transitivo indireto, requerendo a preposição "com" para ligar-se ao seu complemento que é "seu consentimento".



Dado que o verbo "terminar" em "A agitação dos meus pensamentos terminou." é usado sem complemento direto ou indireto, é correto dizer que este é intransitivo, completando-se apenas com seu sujeito.


A alternativa correta é A.

Análise das afirmativas baseada na transitividade verbal:

<ul>
<li>Afirmativa I: Os verbos "abrir" e "ligar" são transitivos diretos, ou seja, não requerem preposição para ligar-se aos seus objetos. No texto, "abrir as revistas" e "ligar a televisão" são construções corretas onde os verbos possuem objetos diretos ("revistas" e "televisão"), sem a necessidade de preposição. Portanto, a afirmativa I é correta.</li>

<li>Afirmativa II: O verbo "assistir", quando usado no sentido de ver ou presenciar, é transitivo indireto e requer a preposição "a" para ligar-se ao seu objeto. No texto, a expressão "assistir a comerciais" respeita essa regra. Assim, a afirmativa II é correta.</li>

<li>Afirmativa III: O verbo "ir" é de fato intransitivo e, nesta construção, está associado a um complemento que indica direção ou destino, geralmente introduzido pela preposição "a" (ex.: ir ao cinema). Esta afirmativa é correta.</li>

<li>Afirmativa IV: O verbo "ver", contrariamente ao verbo "assistir" no mesmo contexto, é transitivo direto e conecta-se diretamente ao seu objeto sem a necessidade de preposição. No texto, "ver anúncios" não utiliza preposição, evidenciando que "ver" é transitivo direto. Portanto, a afirmativa IV é incorreta.</li>
</ul>

Com base na análise das afirmativas, verifica-se que as opções I, II e III estão corretas, enquanto a IV é incorreta. A alternativa que corresponde corretamente às afirmativas corretas é a alternativa D.

    Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
    A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
    A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer um sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
    A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia sobre a guerra, os números, a longa duração.
    A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: "Hoje não posso ir." A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
    A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e do que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que, cada vez, paga mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
    A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
    A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
    A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E, se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
    A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que, aos poucos, se gasta. E que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


A questão apresentada aborda a interpretação de uma frase e sua transitividade verbal, enfatizando o entendimento do uso da preposição no contexto da frase: "eu também não pensava na malvadeza". A compreensão dessa frase é essencial para a escolha da alternativa correta.

Vamos analisar cada uma das alternativas disponíveis:

<ul>
 <li>A) expressa circunstância adverbial. Esta alternativa é incorreta porque a expressão "na malvadeza" não introduz uma circunstância adverbial, mas sim se refere a um objeto preposicionado, que é o que se conta a respeito do verbo pensar.</li>
 
 <li>B) complementa um verbo transitivo. Esta é a alternativa correta. A preposição "na" é utilizada para formar uma locução prepositiva que complementa o verbo "pensar", que requer um complemento que indique sobre o que o sujeito (quem pensa) está pensando, sendo "malvadeza" o objeto da ação do verbo.</li>
 
 <li>C) caracteriza um comportamento. Esta alternativa é improcedente, pois o termo "na malvadeza" não caracteriza um comportamento, mas sim aponta para uma reflexão sobre o que se pensa; dessa forma, não temos uma descrição de comportamento.</li>
 
 <li>D) completa o sentido de um substantivo. Essa alternativa também não é correta, já que a expressão não está completando um substantivo directamente; em vez disso, ela é parte da descrição da ação do verbo “pensar”.</li>
</ul>

Diante das explicações, fica claro que a alternativa que melhor preenche a lacuna, justificando a função do termo preposicionado, é a letra B, pois ela confirma que a preposição se destina a completar o sentido do verbo transitivo, neste caso o verbo "pensar". Portanto, a alternativa correta é B.

    Seu Manéu era o carroceiro da nossa rua e também o único carroceiro que eu conhecia.
Quando eu tinha oito, não entendia que quando um pai de família é carroceiro isso quer dizer que ele não tem muita escolha de sustento. Na minha cabeça de oito, ser carroceiro era algo incrível, uma profissão de controle, um ser dono de uma carruagem própria, mas é claro que eu também não pensava na malvadeza que era pro coitado do jumento, que puxava no espinhaço um monte de tijolo, de mudança, de terra, de qualquer coisa empilhada que obrigassem o jumento a puxar.
    Feito um pai de família sem opção de sustento, o jumento era condenado a sustentar um peso que não era seu. Mas eu, com minha cabeça de oito, achava a carroça maravilhosa, rangendo rua acima e rua abaixo, contando histórias de onde vinha. [...]


Questões de Português - Transitividade verbal