No extrato do texto, a freguesa é apresentada como uma pessoa solícita, o que se confirma ao longo das interações descritas. Não me pareceu difícil identificar essas características, porque, olha só, a freguesa claramente tenta ajudar seu Adelino a escolher um prato do menu, fazendo diversas sugestões quando ele não consegue decidir o que comer. Além disso, ela tenta motivar o apetite do seu Adelino, elogiando o prato (bacalhau à Gomes de Sá) quando finalmente chega, mesmo sem ele estar entusiasmado com a escolha. 
 
A escolha irônica não se encaixa, pois a freguesa não demonstra expressar o contrário do que sente com intuito crítico. Também não há elementos no texto que indiquem que ela seja introspectiva ou que esteja em reflexão profunda sobre si mesma ou outro tópico. A opção volúvel, que sugeriria mudanças frequentes de humor ou lealdades, não é suportada pelo texto. Por fim, impertinente definitivamente não combina, pois ela não é descrita como inadequadamente ousada ou desrespeitosa. 
 
Em contrapartida, a freguesa é descrita de maneira a ressaltar sua vontade de auxiliar e estar presente em um momento de indecisão de seu Adelino, ajustando-se ao perfil de alguém solícito. 
 
A alternativa correta é a letra C.

O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.

 Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).

 Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.

 Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar: 

 − Que tal um fígado acebolado? 
 − Acabou, madame − atalhou o garçom.
 − Deixe ver… Assada com coradas, está bem? 
 − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.
 − Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz… 
 − Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.

 A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom: 

 − Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.

 Da cozinha veio a informação: 

 − Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer? 
 − Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.

 Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino: 

 − Está uma beleza! 
 − Não acho muito não − retorquiu, inapetente.

 O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.
Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o: 

 − Como é, está bom? 

 Com um risinho meio de banda, fez a crítica: 

 − Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai! 

 A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando: 

 − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo… 

 Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto: 

 − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato! 

 Mas, encarando o concreto: 

 − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência! 
 − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar. Não tinha, infelizmente.

 acontecimento comum do ambiente escolar, embora não possa ser corrigido com diálogo.

 convivência escolar com uma pessoa autoritária e desagradável.

 vivência escolar com parceria e liberdade agradáveis.

 acontecimento corriqueiro do ambiente escolar sem autoritarismo.

 convivência escolar inesperada entre funcionários de uma escola.

No texto apresentado, a personagem principal, Vilares, é descrita de maneira reiterada pelo narrador como alguém de natureza autoritária e desagradável, que busca exercer domínio particularizado sobre os demais colegas escolares. Ele aparece determinando as regras nas brincadeiras e impondo sua vontade de maneira tirânica, atribuindo-se uma pseudo-superioridade.

 

Ao desafiar de forma constante os colegas, Vilares torna a convivência escolar desafiadora e inamistosa para aqueles ao seu redor. A evidência dessa atitude prejudicial se dá quando seus colegas, enfim, reagem e lhe aplicam uma sova, configurando um episódio de confronto direto estava implícito no crescendo de suas ações impositivas. Esse incidente demonstra a falta de aceitação grupo frente a uma conduta que os margina e evade os princípios de cooperação e convívio harmonioso.

 

No decorrer do texto, fica patente que essas atitudes não são apenas episódios pontuais, mas uma contínua exibição de comportamento autoritário, que culmina em repreensões por parte do diretor da escola, o Sr. Lobato. A reprimenda endereçada a Vilares realça a necessidade de mudar sua conduta, utilizando uma metáfora sobre estradas pedregosas que simboliza os desafios que enfrentará na vida por conta de seu comportamento. O apelo pelo respeito à liberdade pessoal e à convivência harmônica entre iguais sublinha a crítica ao comportamento do menino.

 

Pelos fatos narrados, percebe-se claramente que a situação descrita no texto conforma uma demonstração inclusiva das dinâmicas de poder e de dificuldades de interação em um contexto escolar. Portanto, este não é um relato de convivência pacífica, muito menos de um episódio alegre ou ordinário desprovido de autoritarismo.

Gabarito: Letra B

TEXTO 01

 Havia, no colégio, três companheiros desagradáveis. Um deles era o Vilares. Menino forte, cara bexigosa, com um modo especial de carregar e de franzir as sobrancelhas autoritariamente.
 Parecia ter nascido para senhor do mundo.
 No recreio, queria dirigir as brincadeiras e mandar em todos nós. Se a sua vontade não predominava, acabava brigando e desmanchava o brinquedo.
 Simplesmente insuportável. Ninguém, a não ser ele, sabia nada; sem ele talvez não existisse o mundo.
 Vivia censurando os companheiros, metendo-se onde não era chamado, implicando com um e com outro, mandando sempre. (…) 
 Não tinha um amigo. A meninada do curso primário movia-lhe a guerra surda. E, um dia, os mais taludos se revoltaram e deram-lhe uma sova.
 Foi um escândalo no colégio. O vigilante levou-os ao gabinete do diretor. O velho Lobato repreendeu-os fortemente. Mais tarde, porém, chamou o Vilares e o repreendeu também.
 Eu estava no gabinete e ouvi tudo.
 - É necessário mudar esse feitio, menino. Você, entre os seus colegas, é uma espécie de galo de terreiro.
Quer sempre impor a sua vontade, quer mandar em toda a gente. Isso é antipático. Isso é feio. Isso é mau.
Caminha-se mais facilmente numa estrada lisa do que numa estrada cheia de pedras e buracos. Você, com essa maneira autoritária, está cavando buracos e amontoando pedras na estrada de sua vida.
 E continuando: 
 - Você gosta de mandar. Mas é preciso lembrar-se de que ninguém gosta de ser mandado. Desde que o mundo é mundo, a humanidade luta para ser livre. O sentimento de liberdade nasce com o homem e do homem não sai nunca. É um sentimento tão natural que os próprios irracionais o possuem. E louco será, meu filho, quem tiver a pretensão de modificar sentimentos dessa ordem. Ou você muda de feitio, ou você muito terá que sofrer na vida.

 Relação de amizade entre os funcionários da escola

O excerto do texto detalha a conduta de uma criança chamada Vilares, que se comporta de maneira autoritária e desagradável com seus colegas. O trecho expõe o impacto negativo da sua atitude nas relações sociais e as consequências indesejadas de seu comportamento. Através desta narrativa, o texto contribui para a discussão de um tema amplamente observável no ambiente escolar.

 

No trecho inicial, Vilares é descrito como um menino que, de forma autoritária, deseja dominar e controlar os outros, interferindo nos jogos e nas interações sociais, o que o torna uma figura rejeitada e isolada pelos demais alunos. A repulsa dos colegas culmina em uma reação coletiva, levando-o a ser repreendido não só pelos seus atos específicos, mas pela sua postura geral perante os outros.

 

O trecho escolhido ressalta o autoritarismo de Vilares, conforme o diretor compare sua atitude a um "galo de terreiro" que sempre quer impor sua vontade sobre os outros, uma conduta claramente desaprovada e inapropriada no contexto escolar e nas relações sociais mais amplas. A prática de querer dominar é critica pelo diretor, que aconselha Vilares a mudar, enfatizando que todos, até mesmo os animais, possuem um senso inato de liberdade.

 

A questão proposta pelas alternativas parece focar na identificação correta desse tema central exposto pelo texto. Analisemos as alternativas apresentadas: 

<ul>
<li>A alternativa (A), "Autoritarismo", corresponde diretamente à descrição de como Vilares atua no seu meio social, impondo sua vontade e controlando vigorosamente às interações, o que é claramente exemplificado através do texto.</li>
<li>As alternativas (B) "Relação família e escola", (C) "Inveja entre os profissionais da escola", (D) "Companheirismo entre os funcionários", e (E) "Relação de amizade entre os funcionários da escola" não encontram respaldo no texto, visto que ele não trata desses tópicos, mas sim do comportamento de um aluno em específico.</li>
</ul>

 

Gabarito: Letra A

 abertura da XIII Bienal do Livro no Nordeste.

 abertura da XIII Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

 participação na XIII Bienal do Livro do Brasil pelos estudantes.

 participação na Bienal do Livro por professores, agentes administrativos e alunos.

 abertura de eventos escolares no Rio de Janeiro.

O Texto 2 apresenta uma cobertura do que ocorrerá durante a XIII Bienal Internacional do Livro, enfatizando o evento que ocorrerá no Rio de Janeiro. Portanto, o enunciado solicita a identificação do principal fato relatado neste texto.

A alternativa A menciona a abertura da XIII Bienal do Livro no Nordeste. Esta opção é claramente equivocada, visto que o texto destaca a cidade do Rio de Janeiro, especificando inclusive o local "Rio Centro, na Zona Oeste da cidade". 

A alternativa B se refere à abertura da XIII Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Essa alternativa está alinhada com a informação do texto, que destaca o evento ocorrendo no Rio de Janeiro, atingindo a relevância principal de interesse que é mostrada pela exposição de diversos autores e pela expectativa de participação popular em massa. 

A alternativa C alude à participação na XIII Bienal do Livro do Brasil pelos estudantes. Este detalhe não é abordado diretamente no texto, tornando a opção incorreta para descrever o "principal fato relatado". 

A escolha D destaca a participação na Bienal do Livro por professores, agentes administrativos e alunos. Assim como a alternativa C, essa opção introduz um grupo de participantes específicos que não são mencionados no texto analisado. 

Finalmente, a alternativa E fala sobre abertura de eventos escolares no Rio de Janeiro. Essa informação é completamente estranha ao conteúdo do Texto 2, que foca somente na Bienal Internacional do Livro. 

Gabarito: Letra B

<center>Evento vai promover 132 sessões literárias em 10 dias</center>
TEXTO 2

Livros pra que te quero. Em pouco menos de um mês, o Rio abre suas prateleiras para receber as principais obras da literatura mundial na XIII Bienal Internacional do Livro. A expectativa é de que 600 mil pessoas passem pelo Rio Centro, na Zona Oeste da cidade, entre os dias 13 e 23 de setembro.
Ao todo, serão 950 expositores, 290 autores e 132 sessões literárias no evento. Entre os homenageados deste ano, estão Ariano Suassuna e o colombiano Gabriel García Márquez.
Dos dois, no entanto, só o homenageado brasileiro é presença garantida na Bienal. Além de Suassuna, a americana Cecily von Ziegesar, autora da série adolescente “Gossip Girl”, e o afegão Shah Muhammad Rais são algumas das atrações da festa literária. [...}

 João Teodoro, qualidades positivas da personagem.

 João Teodoro, homem individualista e autoritário.

 João Teodoro, homem político, exigente e egocêntrico.

 mundo, intensificando o homem brasileiro político e rural.

A questão pede que o candidato identifique a quem os adjetivos "pacato, honesto, honestíssimo" e "lealíssimo" estão se referindo, de acordo com o trecho do texto apresentado.

O trecho fornecido relata características de João Teodoro, descrevendo-o fundamentalmente como um homem de qualidades positivas. Os adjetivos "pacato" (calmo, quieto), "honestíssimo" (superlativo de honesto, indicando um grau máximo de honestidade) e "lealíssimo" (superlativo de leal, indicando um grau máximo de lealdade) ressaltam virtudes extraordinárias desta personagem. 

São características que elucidam a índole e a personalidade do personagem em foco, João Teodoro. O autor do texto enfatiza a modéstia e a desvalorização que João Teodoro possui de si mesmo, tornando essas qualidades ainda mais dignas de nota, pois ele não se vangloria de suas virtudes. 

As alternativas "B", "C", "D" e "E" Deus distorções ou interpretações erradas do fragmento. As opções "C" e "D" mencionam características como "individualista", "autoritário", "político" e "egocêntrico", que são claramente contraditórias com as qualidades apontadas no texto. A alternativa "B" foca-se no mundo como um contexto, o que não é aludido pelo trecho em relação às características citadas, enquanto a "E" incorreta mistura noções do homem político e rural brasileiro, que não são mencionadas no fragmento em questão. 

Gabarito: Letra A

[...] Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacatoe modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.[...]

Questões de Português - Compreensão e interpretação de textos - Prefeitura Municipal de Recife/PE