Olá! Vamos descomplicar essa questão sobre os gêneros textuais de acordo com a teoria de Bakhtin. Em sua teoria, gêneros primários (também chamados de simples) são aqueles usados em interações cotidianas, enquanto os gêneros secundários (complexos) são mais elaborados e surgem em ambientes culturais mais especializados, como literatura, ciência, etc.

 

Olhando para as alternativas:
<ul>
<li>A) Bilhete e cartas pessoais: Ambos são gêneros mais simples e cotidianos, então não temos exemplo de gênero secundário aqui.</li>
<li>B) Receita de bolo e artigo científico: Aqui encontramos o que precisamos. A receita de bolo é um gênero primário, bastante simples e usado no dia a dia. Já o artigo científico é um gênero secundário, bem mais complexo e específico, comum em ambientes acadêmicos.</li>
<li>C) Diálogo cotidiano e talões de água: Diálogo cotidiano é, de fato, um gênero primário, mas talões de água não seriam considerados um gênero textual em si.</li>
<li>D) Dissertações e resenhas: Ambos são considerados gêneros secundários.</li>
<li>E) Ensaios e carta do leitor: Ambos também tendem a ser mais complexos e elaborados, se encaixando melhor como gêneros secundários.</li>
</ul>

 

A alternativa que melhor exemplifica um gênero primário seguido de um gênero secundário, conforme Bakhtin propôs, é a B) Receita de bolo e artigo científico. A receita é simples e direta, usado no cotidiano; o artigo científico é formal e estruturado, típico de áreas especializadas.

 

Alternativa correta é B.

Vamos dar uma olhada nessa questão que aborda os gêneros textuais, uma área bem interessante do estudo da língua! As bancas como o Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos geralmente buscam avaliar a capacidade do candidato de compreender aspectos importantes da funcionalidade e estrutura dos textos.

 

Gêneros textuais são formas de texto que se manifestam em diferentes contextos comunicativos (ex. uma receita, um e-mail, um artigo científico), cada um com suas características específicas, mas uma coisa que eles têm em comum é a função sociocomunicativa. Isso significa que os gêneros são determinados pelas funções que desempenham na sociedade, pelas necessidades e pelos objetivos dos interlocutores. Por isso, quando falamos que a função sociocomunicativa é uma característica predominante nos gêneros textuais, estamos destacando que cada gênero existe para cumprir um papel social específico, como informar, persuadir, instruir, entre outros.

 

As outras opções até tangenciam características que podem estar presentes em alguns gêneros, mas não são predominantes em todos eles. Por exemplo, a forma linguística (opção A) pode variar muito entre gêneros; a clareza das ideias (opção B) é desejável, mas não é um requisito para alguns gêneros literários, por exemplo; o assunto temático (opção D) pode variar; e a correção gramatical (opção E) é crucial em contextos formais, mas pode ser menos rigorosa em contextos informais. Assim, a opção C realmente abrange uma consideração fundamental sobre os gêneros textuais.

 

Alternativa correta é C.

A imagem do avô está sempre 
relacionada à cor branca.

Ser “maior que a tempestade” revela um 
caráter subjetivo.

O texto é narrativo com passagens 
descritivas.

As descrições são marcadas pela 
subjetividade.

As descrições são marcadas 
predominantemente pela objetividade.

Olá! Vamos dissecar essa questão de Português sobre gêneros textuais e orais, focando nos aspectos de narrativa e descrição presentes no texto fornecido, blz?

 

O texto que temos aqui é claramente um narrativo, entrelaçado com passagens descritivas. Nele, o narrador relembra a relação com seu avô, fazendo uso de detalhes que pintam um quadro emotivo e pessoal do avô e dos momentos que compartilharam. A presença de descrições não só da aparência física, como as camisas brancas, mas também da personalidade dele ("não era chato", "não incomodava ninguém") e de eventos específicos, contribuem para a rica textura da narrativa.

 

Falando sobre as alternativas da questão e sua relação com o texto:
<ul>
<li>A) A cor branca é usada repetidamente para descrever as camisas do avô e simboliza algo que vai além da limpeza física, indicando pureza ou pecuiliaridade do caráter dele.</li>
<li>B) A afirmação de que o avô era "maior que a tempestade" é altamente subjetiva, refletindo a admiração e a profundidade com que o narrador o enxerga.</li>
<li>C) O texto claramente combina elementos narrativos com descrições que ajudam a construir o cenário e elaborar sobre os personagens, o que é típico de textos narrativos com passagens descritivas.</li>
<li>D) As descrições são carregadas de subjetividade, refletindo a percepção e emoção do narrador — desde a forma como observa seu avô até os eventos que descreve.</li>
<li>E) Contrário às demais, essa afirmação é falha pois sugere que o texto tem uma abordagem objetiva, quando, na verdade, ele é fortemente moldado pela visão pessoal e subjetiva do narrador.</li>
</ul>

 

Assim, a alternativa que NÃO se relaciona com o texto é a opção E, já que o texto está bastante impregnado de subjetividade e interpretações pessoais do narrador sobre os eventos e personagens descritos.

A alternativa correta é E

Lembro-me de que ele só usava 
camisas brancas. Era um velho limpo e eu 
gostava dele por isso. Eu conhecia outros 
velhos e eles não eram limpos. Além disso, 
eram chatos. Meu avô não era chato. Ele 
não incomodava ninguém. Nem os de casa 
ele incomodava. Ele quase não falava. Não 
pedia as coisas a ninguém. Nem uma 
travessa de comida na mesa ele gostava de 
pedir. Seus gestos eram firmes e suaves e 
quando ele andava não fazia barulho. 
Ficava no quartinho dos fundos e 
havia sempre tanta gente e tanto movimento 
na casa que às vezes até se esqueciam da 
existência dele. De tarde costumava sair 
para dar uma volta. Ia só até a praça da 
matriz que era perto. Estava com setenta 
anos e dizia que suas pernas estavam 
ficando fracas. Levava-me sempre com ele. 
Conversávamos mas não me lembro sobre o 
que conversávamos. Não era sobre muita 
coisa. Não era muita coisa a conversa. Mas 
isso não tinha importância. O que 
gostávamos era de estar juntos. 
Lembro-me de que uma vez ele 
apontou para o céu e disse: 'olha'. Eu olhei. 
Era um bando de pombos e nós ficamos 
muito tempo olhando. Depois ele voltou-se 
para mim e sorriu. Mas não disse nada. 
Outra vez eu corri até o fim da praça e lá de 
longe olhei para trás. Nessa hora uma faísca 
riscou o céu. O dia estava escuro e uma 
ventania agitava as palmeiras. Ele estava 
sozinho no meio da praça com os braços 
atrás e a cabeça branca erguida contra o 
céu. Então eu pensei que meu avô era maior 
que a tempestade. 
Eu era pequeno, mas sabia que ele 
tinha vivido e sofrido muita coisa. Sabia que 
cedo ainda a mulher o abandonara. Sabia 
que ele tinha visto mais de um filho morrer. 
Que tinha sido pobre e depois rico e depois 
pobre de novo. Que durante sua vida uma 
porção de gente o havia traído e ofendido e 
logrado. Mas ele nunca falava disso. 
Nenhuma vez o vi falar disso. Nunca o vi 
queixar-se de qualquer coisa. Também 
nunca o vi falar mal de alguém. As pessoas 
diziam que ele era um velho muito distinto. 
Nunca pude esquecer sua morte. Eu 
o vi, mas na hora não entendi tudo. Eu só vi 
o sangue. Tinha sangue por toda parte. O 
lençol estava vermelho. Tinha uma poça no 
chão. Tinha sangue até na parede. Nunca 
tinha visto tanto sangue. Nunca pensara 
que, uma pessoa se cortando, pudesse sair 
tanto sangue assim. Ele estava na cama e 
tinha uma faca enterrada no peito. Seu rosto 
eu não vi. Depois soube que ele tinha 
cortado os pulsos e aí cortado o pescoço e 
então enterrado a faca. Não sei como deu 
tempo dele fazer isso tudo, mas o fato é que 
ele fez. Tudo isso. Como, eu não sei. Nem 
por quê. 
No dia seguinte eu ainda tornei a ver 
a sua camisa perto da lavanderia e pensei 
que mesmo que ela fosse lavada milhares 
de vezes nunca mais poderia ficar branca. 
Foi o único dia em que não o vi limpo. Se 
bem que sangue não fosse sujeira. Não era. 
Era diferente.

Entendendo essa questão de CONSULPAM, é importante distinguir entre gêneros orais e escritos. Na linguagem oral, temos uma interação mais direta e imediata, normalmente caracterizada pelo uso coloquial e informal.

 

Quando analisamos as opções:
<ul>
<li>Conto: É um gênero literário que pertence ao grupo da linguagem escrita. Tipicamente, os contos são narrativas curtas com um número limitado de personagens e um enredo conciso.</li>
<li>Cordel: Embora muitas vezes seja associado à oralidade por ser recitado em eventos e feiras, origina-se de um formato escrito, geralmente em forma de versos ou poemas expostos em folhetos.</li>
<li>Texto dramático: Geralmente se refere a peças de teatro, que, apesar de serem escritos como script, são feitos primariamente para serem performados oralmente por atores.</li>
<li>Canção: Essencialmente um gênero oral, composto para ser cantado, combinando melodia e letra.</li>
</ul>

 

Desta forma, a única opção que claramente não se enquadra como um gênero oral é o Conto. Os contos são escritos para serem lidos, e não necessariamente recitados ou apresentados oralmente, o que os coloca distintamente no grupo da linguagem escrita.

 

Alternativa correta é A.

Beleza, essa questão aborda a identificação de gêneros textuais, um tema comum em provas de Português. No caso deste texto do Raimundo Carrero, precisamos entender a natureza de um Artigo de Opinião. Isso significa investigar características como o foco no ponto de vista do autor, a abordagem pessoal e direta de temas, e o uso de argumentação para persuadir ou expor o pensamento do autor sobre determinado assunto.

 

Examinando o texto, podemos notar que Carrero fala com muita propriedade sobre técnicas literárias e a influência delas na literatura, usando exemplos específicos como Graciliano Ramos e Zé Lins do Rego. Ele não apenas informa, mas também faz julgamentos e expressa opiniões pessoais, como quando ele afirma que "O uso da linguagem equivocada enriquece a linguagem erudita". Isso é típico de um Artigo de Opinião, pois transmite uma visão particular sobre o tema em discussão, além de ser estruturado de modo a envolver o leitor na reflexão proposta pelo autor.

 

Além disso, ele não segue a estrutura de uma reportagem, que apresentaria informações de maneira mais objetiva e equilibrada, nem de um ensaio, que teria uma abordagem mais aprofundada e formal de análise. Também não se encaixa no formato de uma crônica, que geralmente relata situações do cotidiano com uma visão mais artística e pessoal, nem em um artigo científico, que requer rigor técnico e metodológico.

 

A partir dessas observações, fica claro que o texto se encaixa melhor como um Artigo de Opinião, onde o autor tem a liberdade de expressar sua interpretação e avaliações sobre os assuntos que discute, neste caso, a ficção literária e suas técnicas.

 

A alternativa correta é A.

Por  Raimundo Carrero 
 
Venho tentando, desde que comecei a escrever aqui, examinar a prosa de ficção parte a parte, montando e 
desmontando romances, novelas e contos, sobretudo os clássicos e consagrados, destacando aquelas obras 
definitivas —, incluindo Madame Bovary, que estabelece a ficção literária como obra de arte. Isso acontece a 
partir dos meados do século 19, invadindo o século 20 com suas vanguardas e inúmeros movimentos literários, 
até mesmo no Brasil, quando tivemos o Movimento Modernista, responsável por alterações significativas nas artes 
brasileiras, com a revelação de um mundo inteiramente novo, com bases nacionais. Ao mesmo tempo surgiu no 
Nordeste o Regionalismo, criado pelo mestre Gilberto Freyre — conservador e tradicionalista a seu modo, 
considerando elementos sociológicos e antropológicos, mas sem perder de vista o artesanato e as técnicas, 
trabalhadas, principalmente, por Graciliano Ramos, mesmo sem devoção a qualquer escola literária específica, 
sendo, ele próprio, um experimentalista, conforme destacou Otto Maria Carpeaux, em depoimento ao jornalista 
João Condé, da revista O Cruzeiro. 
Talvez por isso mesmo, Graciliano se colocou logo como o maior romancista brasileiro daquela época: 
experimentando novas técnicas e cuidando do artesanato com incrível habilidade. Trabalhava aquilo que se 
convencionou chamar de estilo como a lavadeira que cuida da roupa lavando-a completamente, em primeiro lugar, 
depois enxaguando-a, passando água novamente para retirar a possível sujeira, e mais uma vez enxaguando-a, 
até que a roupa fique inteira e completamente limpa. Isto, na prosa de ficção, se chama artesanato. Primeiro 
escreve-se uma frase, com toda força do impulso criador, depois vem a intuição quando o escritor observa que 
algumas palavras precisam sair por excesso. Mais tarde, quando o primeiro parágrafo está escrito, procura a 
técnica, que lhe indicará o acabamento. 
Neste caso, estou falando apenas de palavras e de frases. Há outras partes do romance que precisam ser 
analisadas separadamente: o diálogo, a cena, o cenário, a digressão, o discurso livre indireto, o monólogo, o 
solilóquio e todos os outros ―elementos internos da ficção, como chamava o próprio Graciliano Ramos, em artigos 
esparsos que publicou em várias revistas e jornais‖. 
Aliás, esta é a distinção muito clara que se faz entre Graciliano e Zé Lins do Rego, o primeiro técnico e cuidadoso, 
enquanto o segundo se devotava ao episódio e à história, descuidando até mesmo da gramática e da estética, 
ligado profundamente à sociologia e à antropologia, discípulo de Gilberto Freyre, que era. 
"Descuidar da gramática", eis uma expressão interessante na prosa de ficção. Como isso acontece? E quando 
pode acontecer? No Regionalismo, por exemplo, a fala chamada errada, sobretudo na ficção, significa o registro 
documental ou sociológico da fala do povo, com o objetivo de fotografar o real, o concreto, o social para estudos, 
reflexões e análises de estudiosos no campo do comportamento. Mas não é exatamente assim para o 
Modernismo que usava o erro da fala no coloquial, principalmente, para possibilitar maior plasticidade na 
linguagem, tirando-a até mesmo da camisa de força da gramática conservadora e tradicional de origem 
portuguesa. Isso tudo podia ou pode acontecer na narrativa. Tudo isso nos deu, tanto no Regionalismo como no 
Modernismo, maior liberdade linguística, com uma prosa solta e livre. 
No livro O cheiro da goiaba, jornalista Plinio Apuleyo Mendonza entrevista longamente Gabriel García Márquez. 
A certa altura quer saber por que Gabo usa tão poucos diálogos. Ele responde esclarecendo que os diálogos em 
espanhol não são espontâneos. Aí está a diferença entre os espanhóis e os brasileiros. Nós precisamos criar uma 
língua para sermos brasileiros, distanciando nossa prosa do português clássico, tradicional, gramatical. 
Aproveitando, assim, a riqueza da linguagem popular, na expressão de Mário de Andrade. 
Trazemos para a prosa ficcional a linguagem popular sem questionamentos. Isso também é técnica. Isso também 
é artesanato. O uso da linguagem equivocada enriquece a linguagem erudita. 
Mesmo assim, podemos destacar que essa técnica não acontece na obra de Graciliano Ramos, mas é usada, 
com reiteradas repetições na de José Lins do Rego, profundamente documental. Tudo porque Graciliano tem 
características de renovação linguística sem cópia da realidade; destacando aí o experimentalismo do alagoano. É 
preciso, portanto, estar atento a estas técnicas que aparentemente, e só aparentemente, não parecem com 
técnica. Em geral, imagina-se técnica somente aquilo que é sofisticado ou vanguarda. Não é bem assim. Basta 
observar as características de cada escritor e suas qualidades literárias. 
Pode-se acrescentar que até mesmo a espontaneidade de um escritor pode ser uma forte característica técnica ou 
artesanal como acontece, por exemplo, com Jack Kerouac, o revolucionário da prosa norte-americana ou mundial, 
a partir dos meados do século passado.

Questões de Português - Gêneros textuais e orais - Professor - Língua Portuguesa