A expressão "pré-história" é tradicionalmente usada para designar o período anterior ao desenvolvimento da escrita. Essa divisão sugere um limite claro entre sociedades que possuem registros escritos e aquelas que não possuem, sendo essas últimas muitas vezes rotuladas como menos avançadas ou "sem história". 

Entretanto, essa visão é controversa no campo da historiografia moderna. Muitos historiadores argumentam que o termo "pré-história" pode ser problemático, pois implica uma falta de história ou civilização antes da invenção da escrita. Eles enfatizam que isso pode marginalizar sociedades que possuíam formas complexas de cultura, organização social e tecnologia, mas que não desenvolveram um sistema de escrita. 

Além disso, esse conceito tem sido criticado por ser eurocêntrico, já que prioriza a escrita — uma inovação que ocorreu em certas partes do mundo — como o marco definidor da "história". Historicamente, muitas culturas não valorizavam a escrita da mesma maneira que as culturas ocidentais, e ainda assim possuíam ricas tradições orais e outros métodos de preservação do conhecimento. 

A perspectiva pós-colonial e a arqueologia moderna incentivam, portanto, a revisão desses termos, propondo uma visão mais inclusiva e menos hierárquica da história humana. Isso reflete uma preferência por termos como "sociedades sem escrita" ou "períodos pré-escritos" em vez de "pré-história", para evitar a conotação de que essas sociedades estavam de alguma forma ausentes de histórico cultural ou civilizador. 

Com esta compreensão, o item que afirma que a expressão "pré-história" é consensualmente aceita pelos historiadores está equivocado. As opções teórico-metodológicas dos historiadores e a evolução da própria história como disciplina influenciam significativamente como esses períodos são percebidos e classificados. 

Gabarito: Letra E

A expressão pré-história, que identifica o período anterior à
escrita, foi consagrada pelo uso e é aceita consensualmente
pelos historiadores, independentemente de suas opções
teórico-metodológicas.

Com relação a aspectos conceituais e metodológicos da ciência
histórica, bem como a elementos significativos acerca dos
primórdios da humanidade e das primeiras civilizações, julgue os
itens a seguir.

A assertiva em questão aborda a profunda transformação causada pela adoção da agricultura pelas comunidades humanas pré-históricas. Este tópico está ancorado nos estudos sobre o Neolítico, período durante o qual os seres humanos começaram a domesticar plantas e animais, trocando um estilo de vida nômade por outro sedentário. 

A sedentarização permitiu que grupos humanos permanecessem em um local por períodos prolongados, proporcionando o aumento populacional e o desenvolvimento de estruturas sociais mais complexas. Ao se fixarem, as comunidades começaram a manipular e alterar seus ambientes de maneira mais intensa para a agricultura, o que impulsionou outras inovações tecnológicas e sociais. 

Com o tempo, essa base agrícola robusta e sedentária levou ao desenvolvimento de aldeias mais permanentes que, eventualmente, se transformaram em cidades. Estas cidades foram os pilares para o surgimento das primeiras civilizações conhecidas, como a Suméria na Mesopotâmia e o Antigo Egito no Vale do Nilo. Essas civilizações caracterizaram-se não só pela urbanização, mas também por possuírem um governo centralizado, escrita, classes sociais diferenciadas e economias complexas baseadas na produção agrícola. 

Portanto, a agricultura não apenas moldou a estrutura física das sociedades através da criação de assentamentos permanentes, mas também a estrutura social, econômica e política, fundamentando o desenvolvimento das complexas sociedades urbanas e civilizações. 

Gabarito: Letra C

A agricultura transformou a existência humana e foi decisiva
para a sedentarização das sociedades, com o surgimento de
cidades e da civilização.

A afirmação especificada na questão relaciona-se diretamente a uma característica fundamental das primeiras grandes civilizações, que é a localização geográfica favorável dos rios mencionados. Esses rios, de fato, desempenharam um papel crucial na formação e no desenvolvimento dessas civilizações.

 
O Egito Antigo é um exemplo clássico, onde o Nilo desempenhou um papel central. As cheias anuais do Nilo depositavam camadas de lodo ricos em nutrientes, essenciais para a agricultura em uma região de outro modo árida e inóspita. Sem o Nilo, a civilização egípcia, conhecida por sua riqueza, complexidade cultural e técnica, dificilmente teria desenvolvido na escala que desenvolveu.

 
A Mesopotâmia, por outro lado, estava situada entre os rios Tigre e Eufrates. Essa região, frequentemente referida como o "Berço da Civilização", foi o lar das civilizações suméria, acádia, babilônica e assíria. As cheias desses rios, embora menos previsíveis que as do Nilo, traziam sedimentos que enriqueciam o solo, um recurso valioso para a agricultura em uma região que contava com poucas chuvas.

 
Similares, as civilizações que surgiram nas bacias dos rios Indo e Amarelo também foram amplamente dependentes dos recursos naturais e das cheias desses rios. O Vale do Indo, por exemplo, foi o berço de uma das mais antigas civilizações urbanas do mundo, conhecida por suas cidades bem planejadas e sistemas de esgoto avançados. O Rio Amarelo, frequentemente chamado de "Rio Mãe" da China, é considerado o berço da civilização chinesa, com culturas de longa duração como a Xia, Shang e Zhou que surgiram ao redor de suas margens nutridas por sedimentos.

 
Gabarito: Letra C

Com cheias regulares, que depositavam sedimentos e
enriqueciam o solo, rios como o Nilo, o Tigre, o Eufrates, o Indo e o Amarelo deram origem a algumas das primeiras
grandes civilizações que o mundo conheceu.

Questões de História - Pré-História - Secretaria de Estado de Educação do Amazonas